Dólar sobe e encosta em R$ 3,20 com cenário externo e expectativa de juro maior nos EUA
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em alta e perto do patamar de 3,20 reais nesta sexta-feira, acompanhando o cenário externo em meio a expectativas de que o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, possa elevar a taxa de juros mais do que o esperado.
O ambiente político interno também permaneceu no radar, com dúvidas sobre qual o capital político que o governo do presidente Michel Temer terá para dar continuidade às reformas no futuro próximo.
O dólar avançou 0,43 por cento, a 3,1898 reais na venda, depois de bater 3,1962 reais na máxima do dia. O dólar futuro era negociado com alta de cerca de 0,70 por cento no final da tarde.
Na semana, a moeda norte-americana acumulou alta de 1,29 por cento frente ao real, maior impulso em cerca de dois meses.
"A aprovação do orçamento pelo Senado dos Estados Unidos é a principal notícia hoje, pois aumenta a chance de reforma tributária, o que impulsiona o dólar", afirmou o analista-chefe da Rico Corretora, Roberto Indech.
No exterior, o dólar subia frente a uma cesta de moedas e a algumas divisas de países emergentes, como o peso mexicano, após o Senado dos Estados Unidos aprovar o esboço do orçamento para o ano fiscal de 2018 que abrirá caminho para o pacote de cortes de impostos do presidente Donald Trump.
Com isso, podem crescer as apostas dos investidores de que o impulso fiscal elevará a inflação e, assim, levar o Fed a aumentar a taxa de juros mais do que o mercados têm esperado.
Juros elevados nos Estados Unidos têm potencial para atrair à maior economia do mundo recursos hoje aplicados em outras praças financeiras, como a brasileira.
Os Treasuries norte-americanos subiam nesta sessão, com destaque para o título de 10 anos, cujos rendimentos bateram a máxima do dia de 2,392 por cento, frente a 2,321 por cento no fechamento da véspera.
"Tem expectativa de entrada de fluxo em função de captações e aberturas de capital, então isso segura o dólar a não subir muito (frente ao real)", afirmou o diretor da corretora Wagner Investimentos, José Faria Júnior.
Os mercados também estavam atentos ao futuro do Fed, já que o mandato da atual chair, Janet Yellen, termina em fevereiro de 2018. Trump disse nesta sexta-feira que estava considerando indicar tanto o atual diretor do Fed Jerome Powell quanto o economista da Universidade de Stanford John Taylor para cargos-chave no banco central dos Estados Unidos. Mas que também gostava de Yellen.
Internamente, o cenário político continuou deixando os investidores atentos. Já estava precificada a vitória de Temer na Câmara dos Deputados na próxima semana, quando o plenário da Casa vota se barra a denúncia contra o presidente ou não.
O temor, no entanto, era sobre quanto o governo sairá desgastado desse processo e como conseguirá dar prosseguimento a importantes pautas econômicas no Congresso Nacional, em especial a reforma da Previdência.
"Quanto ao cenário político, ainda há muita cautela. Embora a absolvição de Temer já esteja precificada, não há certeza sobre a aprovação da reforma da Previdência. Se ela for aprovada em uma versão mais enxuta, não se sabe se ela causará o efeito necessário", afirmou o operador da corretora Advanced, Alessandro Faganello.
(Por Thaís Freitas e Laís Martins)