Dólar sobe no pregão desta segunda-feira ante o real com temores sobre cena política e fiscal
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em alta ante o real nesta segunda-feira, recuperando boa parte da queda do pregão anterior, com temores ainda prevalecendo entre os investidores sobre se o governo conseguirá base política para dar andamento às reformas e medidas fiscais no Congresso Nacional.
O dólar avançou 0,71 por cento, a 3,1683 reais na venda, depois de recuar 1 por cento no pregão anterior com movimento de correção.
Na mínima do dia, a moeda norte-americana foi a 3,1370 reais e, na máxima, 3,1731 reais. O dólar futuro tinha alta de cerca de 0,75 por cento no final da tarde.
"A questão envolvendo a Cemig traz o temor de que o governo não consiga fazer o leilão e vem dentro do contexto de cautela do mercado com o cenário fiscal", afirmou o economista-chefe da gestora Infinity, Jason Vieira.
Ele referiu-se à liminar concedida pela Justiça suspendendo o leilão pelo qual a União pretende oferecer a concessão de quatro hidrelétricas operadas pela Cemig, cujos contratos expiraram. A ideia é arrecadar 11 bilhões de reais e ajudar a melhorar as contas públicas do país.
O governo enfrenta grande dificuldade no Congresso diante de uma base instável, e deve se mobilizar para atender às demandas de aliados de forma a angariar apoio suficiente para aprovar ao menos os projetos que não exigem maioria qualificada, caso dos que integram o pacote envolvendo as mudanças das metas fiscais para 2017 e 2018.
A mudança da meta foi acompanhada de medidas, como a elevação da contribuição previdenciária de servidores, que também precisam de aprovação do Congresso. Além disso, o governo também quer garantir no Legislativo a criação da Taxa de Longo Prazo (TLP) e o Refis, renegociação de dívidas tributárias. Isso sem contar a reforma da Previdência, considerada essencial para colocar as contas públicas em ordem.
Para impedir que a denúncia por crime de corrupção passiva avançasse no Congresso, o presidente Michel Temer gastou bastante de seu capital político e agora tem que aprofundar as negociações para a aprovação de reformas.
"O mercado está trabalhando do jeito que dá, com cenário externo e interno", afirmou o gerente de câmbio da corretora Fair, Mário Battistel, acrescentando que ainda havia alguma entrada de capital externo sobretudo para o mercado de juros.
Entre os dias 7 e 11 passados, segundo dados mais recentes do Banco Central, o fluxo cambial foi positivo em 2,168 bilhões de dólares no Brasil.
(Por Patrícia Duarte)