Dólar tem leves oscilações ante real com exterior e discussões sobre mudança da meta fiscal

Publicado em 10/08/2017 10:32

Por Claudia Violante

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar registrava leves oscilações ante o real nesta quinta-feira, acompanhando o exterior em meio à escalada da tensão entre Estados Unidos e Coreia do Norte, e também por causa do cenário doméstico, com o desequilíbrio fiscal podendo levar o governo a revisar a meta fiscal deste e do próximo ano.

Às 10:25, o dólar recuava 0,09 por cento, a 3,1494 reais na venda, depois de ter subido a 3,1523 reais na véspera. O dólar futuro tinha leve baixa de cerca de 0,20 por cento.

"Temos cautela nas mesas, com claro enxugamento de risco, mas com indicação de pouca 'crença' no conflito bélico/nuclear efetivo", comentou a corretora H.Commcor em relatório divulgado para clientes.

Nesta quinta-feira, a Coreia do Norte ironizou os alertas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que Pyongyang irá enfrentar "fogo e fúria" se ameaçar os EUA, e divulgou planos detalhados para um ataque com mísseis perto de Guam, território norte-americano no oceano Pacífico.

Apesar disso, o dólar tinha leve alta ante uma cesta de moedas, tendo pisado pontualmente em terreno negativo após os dados mais elevados de pedidos de auxílio-desemprego, que sinalizam aumento gradual dos juros pelos Estados Unidos.

A moeda, no entanto, caía ante divisas emergentes, em meio a uma correção. O dólar cedia ante os pesos chileno, mexicano e o rand sul-africano.

Essa realização no exterior continha a alta do dólar ante o real, em meio a um ambiente doméstico desafiador por causa das discussões para a mudança da meta fiscal deste e do próximo ano.

"O mercado esperava um déficit de 129 bilhões de reais de meta para o próximo ano, mas já estão falando de um número bem maior, algo em torno de 170 bilhões de reais", comentou o superintendente da corretora Correparti, Ricardo Gomes da Silva.

Para este ano, o governo também deve elevar a meta de déficit de 139 bilhões de reais para algo em torno de 159 bilhões de reais.

Na véspera, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, esteve reunido com o presidente Michel Temer e com os ministros Dyogo Oliveira (Planejamento), Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) para discutir a questão fiscal. Nesta quinta-feira, uma nova reunião está prevista na agenda de Meirelles.

"O cenário causa desconforto e pode levar o dólar a 3,20 reais no curto prazo. Governo e Congresso não estão falando a mesma língua", acrescentou Silva ao citar ainda a criação de um fundo público para financiar campanha eleitoral já nas eleições de 2018. "Pega muito mal num momento em que governo fala em elevar o déficit e criar mais impostos", concluiu.

Na madrugada desta quinta-feira, a comissão da reforma política na Câmara dos Deputados aprovou o Fundo Especial de Financiamento da Democracia, a ser utilizado para o financiamento das campanhas. A proposta estabelece que o fundo contará com 0,5 por cento das receitas correntes líquidas do Orçamento, o que corresponde hoje a cerca de 3,5 bilhões de reais, de acordo com a Agência Câmara.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Governo confirma contenção de gasto e vê déficit fiscal de R$28,8 bi em 2024, limite da banda de tolerância
Wall St encerra em alta com retorno de investidores às megacaps
Dólar cai ante real em dia favorável para as moedas emergentes
Arrecadação de junho teve alta real de 11%, mas ganhos ainda estão abaixo do necessário, diz secretário da Receita
Ibovespa tem alta modesta com Embraer e Petrobras minando efeito positivo de Wall Street
Taxas futuras de juros caem em dia positivo para emergentes e de confirmação de cortes de gastos no Brasil