CMN fixa meta de inflação pela IPCA a 4,25% em 2019 e a 4% em 2020, com margem de 1,5 p.p

Publicado em 29/06/2017 07:44

Por Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) - Como esforço para mostrar a continuidade de uma política econômica mais austera, o governo fixou nesta quinta-feira metas de inflação mais baixas para 2019 e 2020, movimento que pode ajudar a trazer juros menores a longo prazo.

O Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou para 2019 o centro da meta de inflação a 4,25 por cento pelo IPCA e, para 2020, a 4 por cento, nos dois casos com tolerância de 1,5 ponto percentual.

"Alongar o horizonte das metas de inflação reduz incertezas... e ajuda na redução dos juros", afirmou a jornalistas o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn.

Esta foi a primeira mudança no centro da meta desde junho de 2003, quando foi fixada em 4,5 por cento para 2005, mas com banda de 2,5 pontos percentuais. A tolerância de 2 pontos passou a valer para 2006 e caiu a 1,5 ponto para 2017 e 2018.

Uma meta mais baixa para 2019 já era amplamente esperada pelo mercado em função do comportamento favorável da inflação nos últimos meses e das expectativas abaixo do centro da meta para 2017 e 2018. A novidade veio com a decisão de estender o horizonte da política monetária a três anos, ao invés dos dois anos, estabelecendo um objetivo também para 2020.

"A finalidade da extensão deste prazo é exatamente porque nós estamos gradualmente iniciando um processo de convergência para padrões internacionais, que tendem a ter horizontes relevantes mais longos do que o adotado pela política monetária até agora no Brasil", afirmou o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

O governo tem enfrentado intensa crise política após delações de executivos do grupo J&F levarem à denúncia contra o presidente Michel Temer por crime de corrupção passiva, alimentando temores de que a reforma da Previdência possa não ser aprovada no Congresso Nacional.

Ilan argumentou ainda que, com metas de inflação mais baixas podem ancorar expectativas para períodos mais longos, a política monetária pode "facilmente" acomodar choques que ocorrem no curto prazo.

"A política econômica hoje tem as condições inflacionárias necessárias, a transparência necessária e a credibilidade necessária para se comprometer com essas metas de inflação", disse o presidente do BC.

Segundo pesquisa Focus do BC, que ouve uma centena de economistas todas as semanas, as projeções são de alta do IPCA de 4,25 por cento em 2019, 2020 e 2021. Para este ano e o próximo, estavam em 3,48 e 4,30 por cento, respectivamente.

Fontes da equipe econômica já vinham reconhecendo que a meta de inflação menor era oportuna mesmo diante da intensa crise política atravessada pelo governo do presidente Michel Temer, já que sinalizaria maior austeridade na condução da política econômica, com custos bastante baixos.

Em 12 meses até junho, o IPCA-15, prévia da inflação oficial, acumulou alta de 3,52 por cento. E a expectativa para junho, especificamente, é de deflação nos indicadores.

Fonte: Reuters

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