Dólar passa a subir ante real por cautela com cena política

Publicado em 02/06/2017 15:12

Por Claudia Violante

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar abandonou a trajetória de baixa com que vinha trabalhando ante o real e passou a subir, com investidores adotando posições mais cautelosas diante do quadro político incerto à frente.

Em grande parte da sessão, a moeda cedeu ante o real, influenciada pelos dados mais fracos do mercado de trabalho norte-americano, o que deve esfriar apostas de mais altas de juros nos Estados Unidos.

Às 15:09, o dólar avançava 0,33 por cento, a 3,2574 reais na venda, depois de ter batido a mínima de 3,2202 reais. O dólar futuro trabalhava praticamente estável.

"Investidores estão preferindo não passar o final de semana vendidos, diante das incertezas com o quadro político", comentou o operador da Spinelli, José Carlos Amado.

Há temor de que alguma surpresa saia no final de semana e também cautela com o julgamento da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na próxima semana.

Além disso, a notícia de que procurador-geral da República pediu novamente nesta quinta-feira a prisão de Rodrigo Rocha Loures, ex-assessor especial do presidente Michel Temer, no âmbito do inquérito em que ambos são investigados por suspeitas de corrupção, obstrução da Justiça e organização criminosa, trouxe cautela aos investidores.

"Ele pode fazer uma delação premiada, pode ficar difícil a situação do presidente Michel Temer. Para o mercado, a percepção é de que o tempo vai passando e fica cada vez mais longe a aprovação das reformas", avaliou Miziara.

Em boa parte da sessão, no entanto, o dólar trabalhou em queda ante o real, influenciado pelos fracos dados norte-americanos do mercado de trabalho do país.

"Dados piores do que o esperado levam o mercado a reduzir suas expectativas de uma terceira alta de juros nos EUA", avaliou o sócio da assessoria de investimentos Criteria Vitor Miziara.

Apesar dessa percepção, as apostas majoritárias do mercado eram de que o Federal Reserve, o banco central norte-americano, deve subir novamente os juros no encontro que termina no próximo dia 14 de junho. A última vez em que o Fed subiu os juros foi em março.

Juros mais altos nos EUA têm potencial para atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados em outras praças, como na brasileira.

"Os dados do payroll (relatório do mercado de trabalho) não são fracos o suficiente para descarrilar uma alta dos juros mais tarde neste mês", avaliou o analista da gestora canadense CIBC Capital Markets, Royce Mendes, em comentário a clientes.

A economia norte-americana abriu 138 mil vagas de trabalho em maio, bem menos do que as 185 mil estimadas em pesquisa Reuters, mas a taxa de desemprego veio ligeiramente melhor, em 4,3 por cento, ante previsão de 4,4 por cento.

Além disso, os dados de março e abril foram revisados para baixo em relação ao relatado anteriormente, mostrando menor criação de vagas.

O BC não anunciou qualquer intervenção para o mercado de câmbio para esta sessão, por ora. Em julho, vencem 6,939 bilhões de dólares em swap cambial tradicional, equivalente à venda futura de dólares.

(Por Claudia Violante)

Fonte: Reuters

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