Plenário da Câmara debate reforma trabalhista, oposição protesta

Publicado em 26/04/2017 16:44

BRASÍLIA (Reuters) - O plenário da Câmara dos Deputados debatia na tarde desta quarta-feira a proposta de reforma trabalhista que prevê, entre outros pontos, a prevalência dos acordos entre empregados e patrões sobre a legislação vigente, enquanto a oposição, em obstrução, protestava.

Munidos de grandes cartazes simulando carteiras de trabalho rasgadas com dizeres como “direitos legais derrubados”, “trabalhador parcial no lugar do integral” e “teletrabalho sem hora extra”, parlamentares da oposição postaram-se no centro do plenário e na Mesa da Câmara.

Os cartazes chegaram a impedir que as câmeras de TV da Casa enquadrassem o relator, que lia seu parecer da tribuna, provocando reações no lado governista do plenário.

A leitura do parecer ainda prosseguia e diante do clima conflituoso, a expectativa é de um dia longo de discussões, com votação do texto-base do projeto só a partir do fim da tarde.

A oposição tem se utilizado do chamado kit obstrução, e já iniciou suas manobras ainda pela manhã, com a apresentação de um requerimento que pedia a votação pelo painel de um outro requerimento, este de retirada de pauta.

Não bastasse a oposição, o governo também enfrenta resistência dentro da própria base. O exemplo mais explícito é o PSB, que apesar das divisões internas sobre o tema, fechou questão tanto contra a reforma trabalhista quanto a da Previdência, com previsão de punições aos que não seguirem a orientação do partido.

Ciente das dificuldades que enfrentará para aprovar as reformas --a trabalhista é encarada como um teste para a votação da previdenciária--, o governo anunciou a exoneração de ministros com mandato na Câmara dos Deputados para que participem das votações. A exoneração de três deles foi publicada no Diário Oficial desta quarta-feira.

No início desta tarde, o deputado Mendonça Filho (DEM-PE), que até a segunda-feira comandava o Ministério da Educação, já circulava no salão verde da Câmara. Também foram exonerados Bruno Araújo (PSDB-PE), do Ministério das Cidades, e Fernando Coelho Filho (PSB-PE), da pasta de Minas e Energia.

Na avaliação de um integrante da base, mas que não se alinha com o governo pela aprovação das reformas, a exoneração dos ministros pode ter sido um tiro no pé para o Planalto, que acabou dando uma demonstração de fraqueza com a movimentação.

O texto-base da reforma trabalhista foi aprovado na véspera por uma comissão especial da Câmara, que não chegou a analisar emendas apresentadas ao projeto. A expectativa é que a votação seja longa e repleta de manobras de obstrução, devendo adentrar a noite e estender-se para a quinta-feira, um dia antes das manifestações e da greve geral convocada contra as reformas.

(Reportagem de Maria Carolina Marcello)

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Dólar sobe frente ao real após decisões de juros no Brasil e nos EUA
Dólar abre em alta após decisões de juros em Brasil e EUA
Minério de ferro tem máxima de mais de 1 semana com perspectivas de demanda
Tensão segue elevada na Venezuela após eleição contestada, com temor de mais prisões
PMIs sinalizam riscos para indústria da China
Atividade industrial da zona do euro permanece em contração, mostra PMI de julho