Dólar despenca 1,34% e vai a R$ 3,10 com BC e esforços do governo com Previdência

Publicado em 17/04/2017 18:50

Por Claudia Violante

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar encerrou a segunda-feira em queda de mais de 1 por cento e retornou ao patamar de 3,10 reais, com atuação do Banco Central no mercado e esforços do governo para manter o cronograma de votação da reforma da Previdência no Congresso Nacional animando os investidores.

O dólar recuou 1,34 por cento, a 3,1044 reais na venda, maior queda desde 15 de março passado, quando cedeu 1,83 por cento.

Na mínima da sessão, a moeda norte-americana marcou 3,0939 reais. O dólar futuro tinha baixa de 1,32 por cento no final da tarde.

"(O anúncio do swap) indica precaução do BC ao cenário geopolítico, assim como pontual cautela ao cenário político nacional em tempos de delações da Odebrecht", comentou a corretora H.Commcor em relatório a clientes.

Após do fechamento do pregão passado, o BC sinalizou que pretende rolar integralmente os 6,389 bilhões de dólares que vencem em maio em swaps cambiais tradicionais --equivalentes à venda futura de dólares.

No primeiro leilão, nesta sessão, foram vendidos todos os 16 mil contratos ofertados, equivalentes a 800 milhões de dólares.

A última vez que o BC rolou integralmente swaps tradicionais foi os com vencimento de fevereiro. Hoje, o estoque de swaps está em pouco menos de 18 bilhões de dólares.

"O BC... já se antecipou. Essa semana vai ser crucial, o governo vai mostrar se conseguiu agregar sua base, se ela tem alguma força", comentou a diretora de câmbio da corretora AGK, Miriam Tavares.

A cena política ficou mais sensível após a abertura de uma série de inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) envolvendo diversos ministros do presidente Michel Temer e importantes políticos da base aliada no âmbito da Lava Jato, com delações de executivos da Odebrecht.

Com isso, o governo tem se esforçado para garantir a aprovação da reforma da Previdência nos próximos meses, mesmo que abrindo mão de pontos da proposta original.

Na noite passada, Temer pediu a parlamentares aliados e ministros que atuem para manter o cronograma de votação da reforma no Congresso. Na terça-feira, o relator da matéria, deputado Arthur Maia (PPS-BA), apresenta seu parecer em comissão especial da Câmara.

"Em tempos de delações e Lava Jato, o plano de fuga do Planalto é avançar com as reformas. Temer tenta mostrar que as atividades não estão paralisadas", informou a corretora Guide em relatório.

No exterior, o dólar operava em queda neste início de semana, contribuindo para a trajetória doméstica, após dados de inflação norte-americanos no final da semana passada terem enfraquecido ainda mais apostas de mais aumentos de juros nos Estados Unidos além dos dois já precificados pelo mercado para o restante do ano.

O dólar caía ante uma cesta de moedas, também com tensões crescentes com a Coreia do Norte e que alimentavam a corrida para ativos seguros.

Fonte: Reuters

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