Pego de surpresa, Planalto minimiza impacto dos inquéritos abertos por Fachin e tenta afastar a crise

Publicado em 12/04/2017 07:06

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - A divulgação da abertura de inquérito contra oito ministros e dezenas de políticos, incluindo governadores, pegou de surpresa o Palácio do Planalto nesta terça-feira, que esperava uma decisão apenas na próxima semana, mas a ordem do presidente Michel Temer a seus auxiliares é evitar levar a crise para o Planalto e que cada um faça a sua própria defesa.

A expectativa no Planalto era de que a decisão só fosse tomada depois do feriado de Páscoa, o que permitiria ao governo pelo menos terminar o relatório da reforma da Previdência. No entanto, o discurso agora é que os inquéritos não têm por que atrapalhar as atividades do governo porque "não há um fato novo", segundo uma fonte, e o custo da crise já estava "precificado".

"O nível de preocupação continua o mesmo, as circunstâncias são as mesmas. Não há nenhum fato novo", disse a fonte palaciana.

A reação do Congresso, no entanto, mostra que pode sim haver uma turbulência não planejada em um momento em que o governo tem que ceder em partes importantes da reforma porque, apesar da enorme base aliada, não teria votos para aprová-lo.

Na tarde desta terça-feira, quando se previa votar o programa de ajuda aos Estados, o quórum desapareceu depois da divulgação das decisões de Fachin, que atingiram 24 dos 81 senadores e 35 dos 513 deputados, incluindo os presidentes das duas Casas - o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) e o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Fachin autorizou ainda abertura de inquérito contra três governadores e remeteu outros nove pedidos ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).

"Não tem nenhuma novidade. O Congresso Nacional vai continuar funcionando. Não posso falar outra coisa. Não podemos esperar outra coisa. As instituições prevalecem", disse o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira.

Ao chegar para mais uma reunião sobre a reforma, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, também tentou minimizar o impacto. "Tenho poucos elementos para poder me manifestar sobre isso, mas eu acho que está dentro da normalidade. Não acho que atrapalha", disse.

Há cerca de um mês, o presidente pessoalmente informou à imprensa que só afastaria ministros envolvidos em casos de corrupção quando fossem denunciados. Apesar do envolvimento de oito nomes do primeiro escalão, inclusive Padilha e Moreira Franco, da Secretaria-Geral da Presidência -nomes muito próximos de Temer, a abertura de inquéritos não levará, neste momento, a demissões.

Questionado sobre a sua inclusão nos inquéritos, Padilha afirmou que não falaria sobre o caso.

"Não falo sobre esse assunto. Sobre esse assunto só falo nos autos do processo. Processo a gente fala nos autos do processo", disse. Moreira Franco afirmou, por meio de sua assessoria, que também não comentaria.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Proposta determina ressarcimento a produtor rural em caso de perdas decorrentes da falta de luz
Lula diz não ter decisão sobre nomes para o BC e espera Haddad
BC faz ajustes em segurança do Pix e estabelece junho de 2025 para lançamento de Pix Automático
Kamala chama legado de Biden de "inigualável" conforme lança sua campanha presidencial
Lula diz que governo fará bloqueio orçamentário "sempre que precisar"
Lula se diz assustado com retórica de Maduro e pede respeito a resultado da eleição na Venezuela