PF investiga suspeita de ocultação de provas em investigação da Greenfield
(Reuters) - A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira a segunda fase da operação Greenfield, que investiga suspeitas de irregularidades em fundos de pensão de estatais envolvendo a holding J&F Investimentos, para investigar um suposto esquema de cooptação de testemunhas com pagamento de suborno mascarado em um contrato de 190 milhões de reais, informou a PF em comunicado.
Foram emitidos seis mandados judiciais pela Justiça Federal do Distrito Federal para cumprimento nos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, incluindo um mandado de prisão temporária, disse a Polícia Federal.
A operação Greenfield envolve a holding da família Batista J&F Investimentos e suas subsidiárias JBS e Eldorado Brasil Celulose. Os executivos do grupo Wesley e Joesley Batista chegaram a ser proibidos pela Justiça de comandarem empresas em decorrência da Greenfield, e só foram liberados da restrição depois que a J&F aceitou apresentar garantia financeira de 1,5 bilhão de reais.
De acordo com a PF, a nova fase da Greenfield investiga suspeita de que um contrato de 190 milhões de reais entre "os dois principais sócios de um dos maiores grupos empresariais investigados pela Greenfield" tenha sido empregado para mascarar pagamento de suborno a um empresário concorrente para que não revelasse informações de interesse da investigação.
"A suspeita, trazida por uma testemunha à investigação, é que o contrato de fornecimento de massa florestal de eucalipto para produção de celulose seja apenas uma forma de recompensar o silêncio de um ex-sócio que poderia auxiliar a investigação", afirmou a PF, acrescentando que a investigação corre sob sigilo judicial e, por isso, não pode identificar os alvos.
A operação Greenfield foi deflagrada originalmente pela PF em setembro para investigar suspeita de fraude nos fundos de pensão de estatais Previ (do Banco do Brasil), Petros (da Petrobras ), Postalis (dos Correios) e Funcef (da Caixa Econômica Federal, tendo como base dez casos revelados a partir do exame das causas de déficits bilionários apresentados pelos fundos.
Procurada pela Reuters, a J&F não respondeu de imediato a um pedido de comentários sobre a ação policial desta quarta-feira.
(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro; Reportagem adicional de Gustavo Bonato, em São Paulo)