Dólar volta a cair nesta segunda-feira ante o real; Vale dispara mais de 6% e faz Bolsa fechar no maior nível em quase 6 anos

Publicado em 20/02/2017 18:15

Por Claudia Violante

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou a segunda-feira com leve baixa ante o real, dia marcado por baixa liquidez por conta do fechamento dos mercados norte-americanos devido ao feriado do Dia dos Presidentes.

O dólar recuou 0,14 por cento, a 3,0886 reais na venda, depois de ter subido nos dois pregões anteriores e acumulado alta de 0,84 por cento. O dólar futuro exibia baixa de cerca de 0,45 por cento no final da tarde.

Na mínima do dia, a moeda norte-americana marcou 3,0833 reais e, na máxima, 3,1070 reais.

"Nada mudou na trajetória (do dólar), que segue de baixa mesmo estando perto de 3 reais", afirmou o profissional da mesa de câmbio de uma corretora nacional.

A moeda norte-americana foi ao nível intradia de 3,03 reais na semana passada, atraindo compradores que a fez fechar com altas nos dois pregões passados. No entanto, segundo operadores, o movimento do dólar seguia de queda, diante da expectativa de ingresso de recursos externos no país após recentes captações de empresas.

O Banco Central fez mais um leilão e vendeu a oferta total de até 6 mil swaps tradicionais --equivalentes à venda futura de dólares-- para rolar o volume que vence em março. Desta forma, o BC continuou indicando que fará apenas rolagem parcial desse vencimento, faltando 5,454 bilhões de dólares do total.

No exterior, o dólar tinha leves variações frente a uma cesta de moedas enquanto que o euro recuperava algum terreno contra o dólar depois de negociações no fim de semana destinadas a encontrar um candidato de consenso da esquerda para as eleições presidenciais na França mostrarem pouco sinal de progresso.

"Nos próximos dias, um dos destaques é a ata do Fed, que pode ajudar a identificar o comportamento das taxas de juros nos Estados Unidos", lembrou o sócio da Omnix Corretora, Vanderlei Muniz.

Na próxima quarta-feira, será divulgada a ata do último encontro de política monetária do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos. Juros maiores no país tendem a atrair para lá recursos aplicados em outras praças, como a brasileira.

No início deste mês, o Fed manteve suas taxas de juros, na primeira reunião desde que Donald Trump assumiu a Presidência dos Estados Unidos, mas projetou cenário relativamente positivo da economia, sugerindo que estava no caminho para apertar a política monetária neste ano.

Na semana passada, em depoimento no Congresso, a chair do Fed, Janet Yellen, disse que seria "insensato" esperar muito para aumentar os juros no país.

Vale dispara mais de 6% e faz Bolsa fechar no maior nível em quase 6 anos (Folha de S. Paulo):

As ações da Vale dispararam mais de 6% nesta segunda-feira (20) e levaram a Bolsa brasileira a fechar no maior patamar em quase seis anos, em dia de vencimento de opções sobre ações e apesar de feriado nos Estados Unidos, o que tirou referência dos investidores. O dólar encerrou o pregão praticamente estável, cotado a R$ 3,09.

O Ibovespa, principal índice do mercado acionário, fechou em alta de 1,16%, para 68.532 pontos, maior nível desde 8 de abril de 2011. O volume financeiro do pregão foi de R$ 11,05 bilhões, acima da média diária do ano, que é de R$ 7,7 bilhões. O volume foi impulsionado pelo exercício de opções sobre ações, que movimentou R$ 5,21 bilhões.

Sem a referência dos mercados americanos, coube aos investidores olhar para o noticiário doméstico. O principal destaque ficou com a Vale, que anunciou mudanças que a transformarão em uma companhia de controle difuso, sem acordo de acionistas e listada no Novo Mercado, segmento de regras de governança mais rígidas na Bolsa.

As ações da companhia, ao lado da Bradespar —acionista da mineradora—, lideraram as altas do Ibovespa. Os papéis ordinários da Vale fecharam em alta de 6,93%, para R$ 36,43. As ações preferenciais subiram 6,17%, para R$ 34,24. Os papéis da Bradespar tiveram valorização de 16,62%.

O acordo implicará na extinção das ações preferenciais, que serão trocadas por 0,93 ação ordinária. "As mudanças são positivas para a empresa, porque reduzem a ingerência política e tiram a sensação de que há um grupo de controle forte dentro de uma empresa privada", avalia Vitor Suzaki, analista da Lerosa Investimentos.

Para ser aprovada, a proposta precisa da adesão mínima de 54% dos donos de ações preferenciais. Ao final da operação, os acionistas da Valepar deverão deter participação acionária inferior a 50% do capital social.

"O acordo traz boas perspectivas quanto ao atual nível de precificação da companhia, que negocia com desconto frente a companhias similares, devido, em grande medida, aos riscos de interferência política ao qual a companhia está exposta no modelo atual de governança, os quais, com a inserção da nova proposta, seriam bastante dirimidos", avalia em relatório Samuel Torres, analista da Spinelli Corretora.

As ações da Petrobras aproveitaram a alta do petróleo no exterior e subiram cerca de 2%. Os papéis ordinários avançaram 2,15%, para R$ 17,08. As ações preferenciais da estatal subiram 1,99%, para R$ 15,92.

Fora do Ibovespa, os papéis da Gol fecharam em alta de 9,22%, no décimo dia seguido de valorização. No ano, as ações acumulam ganho de 109,7%. Na sexta-feira, a empresa anunciou que viu seu prejuízo cair para R$ 30,2 milhões no quarto trimestre do ano passado. No mesmo período de 2015, o resultado negativo era de R$ 1,13 bilhão.

No setor financeiro, as ações de bancos subiram —com exceção das units do Santander Brasil, que caíram 0,72%. As ações do Itaú Unibanco subiram 0,47%, os papéis preferenciais do Bradesco avançaram 0,40% e os ordinários, 0,38%. As ações do Banco do Brasil subiram 1,61%, no sétimo pregão de alta.

DÓLAR

Com liquidez menor por causa do feriado nos EUA, o dólar fechou praticamente estável, cotado a R$ 3,09.

O dólar à vista, referência no mercado financeiro, teve queda de 0,12%, para R$ 3,090. O dólar comercial recuou 0,09%, também para R$ 3,090.

O Banco Central fez mais um leilão e vendeu a oferta total de até 6.000 contratos de swaps tradicionais —equivalentes à venda de dólares no mercado futuro— para rolar o volume que vence em março. A operação totalizou US$ 300 milhões. A expectativa é que o BC role apenas parcialmente os contratos com esse vencimento, faltando US$ 5,454 bilhões do total.

Sem referência externa, o dólar ficou sem uma direção definida no exterior. Das 31 principais divisas mundiais, a moeda americana fechou em queda ante 15.

"Não dá para mensurar para onde o dólar vai. O mercado fica a mercê de uma operação grande para definir uma tendência", diz Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.

Em semana de definição da taxa básica de juros da economia e com a maioria dos economistas aguardando um corte de 0,75 ponto percentual, levando a Selic a 12,25% ao ano, os contratos de juros futuros fecharam em baixa.

O contrato com vencimento em abril de 2017 recuou de 12,200% para 12,169%. O DI com vencimento em janeiro de 2018 caiu de 10,565% para 10,530%. O contrato com vencimento em janeiro de 2021 encerrou estável em 10,270%.

O CDS (credit default swap) de cinco anos brasileiro, espécie de seguro contra calote e termômetro de risco, subiu 0,07%, para 231,389 pontos, na quinta alta seguida. 

Fonte: Reuters + Folha

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