Pesquisa aponta corrupção maior no mundo e vê ligação com alta do populismo; Brasil cai em ranking

Publicado em 25/01/2017 11:37

Por Andrea Shalal

BERLIM (Reuters) - Os níveis crescentes de percepção da corrupção e da desigualdade social criaram um terreno fértil para o aumento do número de políticos populistas em 2016, disse a entidade global Transparência Internacional (TI) nesta quarta-feira, em relatório anual que registra uma queda de três posições do Brasil no ranking dos países avaliados.

Segundo a TI, líderes populistas como o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e a candidata presidencial francesa Marine Le Pen denunciaram elos entre uma "elite corrupta" e a marginalização da classe trabalhadora com, mas normalmente os partidos antissistema não têm sido capazes de atacar a corrupção quando ocupam o poder, disse o grupo.

"No caso de Donald Trump, os primeiros sinais de uma traição de suas promessas já estão aí", escreveu o chefe de pesquisa da TI, Finn Heinrich, em um blog sobre o relatório da entidade. Ele disse que Trump está falando em "reverter uma legislação anticorrupção essencial e ignorando os conflitos de interesse em potencial que irão exacerbar, e não controlar, a corrupção."

O relatório veio à tona dois dias depois de advogados constitucionais e de ética entrarem com uma ação civil alegando que Trump está "submerso em conflitos de interesse". O presidente refutou as alegações e disse que o processo apresentado pelos Cidadãos pela Responsabilidade e a Ética em Washington "não tem mérito".

BRASIL EM 79º

A TI disse que grandes casos de corrupção, como o esquema investigado pela operação Lava Jato no Brasil, mostram como recursos públicos estão sendo desviadas para beneficiar poucos, alimentando a exclusão social.

A nota do Brasil caiu no índice nos últimos cinco anos devido a uma série de escândalos de corrupção, mas a TI destacou que as autoridades de combate à corrupção começaram a levar à Justiça aqueles antes considerados intocáveis.

O Brasil caiu no ranking de 2016 para o 79° lugar na atualização anual do relatório ante o 76º posto ocupado no ano anterior.

O relatório do grupo disse ainda que o Catar teve a maior queda na confiança em 2016 na esteira de escândalos envolvendo dirigentes da Fifa e relatos de abusos de direitos humanos em obras da Copa do Mundo. A Somália foi a última da lista pelo décimo ano.

A TI disse que o relatório revelou uma corrupção difundida no setor público de todo o mundo. Entre os 176 países avaliados, 69% tiveram menos de 50 pontos na escala de 0 a 100 do índice, no qual 0 assinala "muito corrupto" e 100 "muito limpo". Mais nações regrediram do que avançaram no índice de 2016, apontou a entidade.

Para romper o "círculo vicioso" entre a corrupção e a distribuição desigual de poder e riqueza nas sociedades, afirma a TI, os governos deveriam frear o esquema de 'porta giratória' entre líderes empresariais e autoridades governamentais de alto escalão.

O grupo também pediu controles maiores sobre os bancos e outros negócios que ajudaram a lavar dinheiro e medidas para proibir empresas secretas que ocultam as identidades de seus verdadeiros proprietários.

Fonte: Reuters

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