FOLHA: Temer desiste de militar para a chefia da Funai, mas o nomeia em diretoria
O presidente Michel Temer escolheu o especialista em saúde indígena Antonio Fernandes Toninho Costa para comandar a Funai (Fundação Nacional do Índio).
A indicação, que será publicada na edição desta sexta-feira (13) do "Diário Oficial da União", encerra uma disputa entre o governo federal e as comunidades indígenas pelo cargo.
Sob pressão, o Palácio do Planalto desistiu de nomear um militar para o posto e optou por um técnico com histórico em defesa dos direitos indígenas.
Como mostrou a Folha em julho e agosto, o PSC indicou dois nomes para o cargo. O primeiro indicado foi o general da reserva do Exército Sebastião Roberto Peternelli Júnior.
Em uma página na internet em março, Peternelli postou uma imagem em homenagem ao golpe militar de 1964: "52 anos que o Brasil foi livre do maldito comunismo. Viva nossos bravos militares! O Brasil nunca vai ser comunista".
A indicação foi recebida com protesto por comunidades indígenas, o que levou o governo federal a desistir e a adiar a escolha.
O segundo nome indicado pelo PSC foi o do general Franklimberg Ribeiro de Freitas.
Ele agora substitui o funcionário de carreira, antropólogo e ex-presidente do órgão em 2002 Artur Nobre Mendes no cargo de diretor de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável da fundação.
A diretoria é estratégica nas atividades da Funai e ouvida em temas diversos nos processos administrativos, como mineração e gestão ambiental. Em 2012, foram criadas cinco coordenações vinculadas à diretoria, uma das quais, segundo a fundação, "voltada para a análise de viabilidade e de impactos do componente indígena dos processos de licenciamento ambiental de empreendimentos que tenham povos e/ou terras indígenas em sua área de influência".
Na época em que o nome de Freitas era cogitado para a presidência, o general era assessor de relações institucionais do CMA (Comando Militar da Amazônia), sediado em Manaus (AM). Líderes indígenas e indigenistas consultados na época reagiram negativamente à indicação, dizendo que ele era desconhecido no meio indigenista e não teria credenciais para comandar a Funai.
O PSC vendia a ideia de que era indígena, mas o próprio militar explicou na época: "Não sou índio, sou de origem indígena. Minha mãe, avó e bisavó eram indígenas".