Dólar passa a subir ante o real, seguindo exterior e de olho no Fed

Publicado em 16/12/2016 12:03

Por Claudia Violante

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar anulou a queda vista pela manhã e operava em alta ante o real nesta sexta-feira, com fluxo de saída e seguindo o comportamento do exterior, mantendo o movimento visto na véspera após o aperto monetário nos Estados Unidos. Os investidores ainda estavam atentos ao cenário político brasileiro conturbado.

Às 12:46, o dólar avançava 0,44 por cento, a 3,3863 reais na venda, após ter saltado 1,14 por cento na véspera.

Na mínima desta sessão, o dólar marcou 3,3432 reais num movimento de correção e, na máxima, 3,3873 reais. O dólar futuro subia cerca de 0,40 por cento.

"É uma sexta-feira um pouco mais pacata e o dólar voltou a ficar pressionado lá fora. O comunicado do Fed mudou um pouco o paradigma do mercado, empurrou o dólar mais para cima", afirmou o operador de um banco nacional.

No final da tarde de quarta-feira passada, o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, elevou a taxa de juros em 0,25 ponto percentual e sinalizou ritmo mais rápido de altas em 2017, em meio a promessas do presidente eleito Donald Trump de impulsionar o crescimento por meio de cortes de impostos, aumento de gastos e desregulamentação.

A chair do Fed, Janet Yellen, disse a eleição de Trump colocou o Fed sob uma "nuvem de incerteza" e levou algumas autoridades a mudar sua visão sobre o que está por vir. O banco central do país vê agora três aumentos da taxa de juros em 2017 em vez de dois como previsto em setembro.

No exterior, o dólar subia frente a algumas moedas emergentes, como os pesos chileno e mexicano. O euro, depois de mostrar leve recuperação ante o dólar, era negociado praticamente estável no início desta tarde.

Juros mais altos nos Estados Unidos tendem a atrair recursos aplicados atualmente em outros mercados, como o brasileiro.

Internamente, os investidores também têm preferido focar no andamento das medidas de ajuste no Congresso, como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita o crescimento do gasto público por 20 anos e foi aprovada, mas a cautela continuava em meio ao nervosismo com denúncias envolvendo até mesmo o presidente Michel Temer.

"O sentimento de que o governo brasileiro vem conseguindo aprovar medidas no Congresso, mesmo em meio às turbulências, contribui para o recuo da moeda (norte-americana)", comentou mais cedo o operador da Advanced Corretora, Alessandro Faganello.

Nesta sexta-feira, a Folha de S.Paulo noticiou que um ex-executivo da Odebrecht disse em delação à força-tarefa da operação Lava Jato que Temer participou de um encontro para tratar de doações da empreiteira para campanha do PMDB em 2010 em troca de facilitar a atuação da empresas em projetos da Petrobras.

Como pano de fundo do mercado, profissionais chamaram a atenção para a perda de fôlego dos mercados daqui para a frente, já com muitos investidores entrando de férias, o que deve enxugar consideravelmente o volume até o final do ano.

O Banco Central brasileiro, pela terceira vez seguida, não anunciou nenhuma intervenção no mercado de câmbio até o momento.

(Reportagem adicional de Bruno Federowski)

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Governo confirma contenção de gasto e vê déficit fiscal de R$28,8 bi em 2024, limite da banda de tolerância
Wall St encerra em alta com retorno de investidores às megacaps
Dólar cai ante real em dia favorável para as moedas emergentes
Arrecadação de junho teve alta real de 11%, mas ganhos ainda estão abaixo do necessário, diz secretário da Receita
Ibovespa tem alta modesta com Embraer e Petrobras minando efeito positivo de Wall Street
Taxas futuras de juros caem em dia positivo para emergentes e de confirmação de cortes de gastos no Brasil