Dólar cai ante real com fluxo e de olho em Fed, mesmo sem BC
Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar recuava ante o real nesta quarta-feira, ajudado por fluxo de ingresso de recursos e sob a expectativa pelo desfecho da reunião do Federal Reserve, banco central norte-americano, nesta tarde.
Por enquanto, o Banco Central brasileiro não anunciou nenhuma intervenção no mercado de câmbio para esta sessão, postura que não adotava desde o dia 1º de dezembro.
Às 10:48, o dólar recuava 0,52 por cento, a 3,3086 reais na venda, depois de acumular baixa de 4,22 por cento nas últimas sete sessões. Se fechar em queda este pregão também, será a maior sequência de desvalorização desde março de 2010.
O dólar futuro tinha leve baixa de 0,90 por cento.
"Hoje é o dia 'D'. Estamos há tempos esperando essa ação do Fed. Mas até ela sair, o mercado pode oscilar", comentou o sócio da Omnix Corretora, Vanderlei Muniz.
O resultado da reunião do Fed será conhecido às 17h (horário de Brasília) e os mercados estão prontos para aumento dos juros para a faixa entre 0,5 e 0,75 por cento, contra 0,25 a 0,5 por cento atualmente, faixa que permanece desde que o Fed promoveu uma alta há um ano.
Mas o pano de fundo da reunião é de maior significado. Após anos em que o Fed mostrou-se inquieto com juros baixos e inflação fraca, as semanas desde a vitória de Donald Trump co presidente dos Estados Unidos levaram ao aumento tanto dos rendimentos dos títulos quanto das expectativas de inflação. Havia a expectativa de que o Fed eleve a taxa em pelo menos duas ocasiões no próximo ano.
O BC brasileiro não anunciou até o momento nenhum tipo de intervenção. Na véspera, fez leilão de linha --venda com compromisso de recompra de dólares-- para rolagem dos contratos que vencem em janeiro.
Na segunda-feira, o BC havia concluído a rolagem dos contratos de swap cambial tradicional, equivalente à venda de dólares no futuro, de janeiro. O próximo lote vence em 1º de fevereiro, correspondente a 6,431 bilhões de dólares.
O mercado também continuava de olho na cena política brasileira, em especial no Congresso Nacional, onde há importantes votações nesta sessão.
"Apesar do quadro político nebuloso, o governo parece estar conseguindo andar com uma agenda positiva, o que contribui para diminuir o nervosismo dos agentes. As medidas que devem sair amanhã, são um exemplo disso", comentou o economista da corretora Guide, Ignácio Crespo Rey.
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados deve votar a admissibilidade da proposta da reforma da Previdência, enquanto que a Comissão Mista do Orçamento (CMO) do Senado deve votar o relatório final do Orçamento para 2017 e, em seguida, passar pela aprovação do Congresso Nacional.
Na véspera, o governo conseguiu garantir, mesmo com votação mais apertada, que o Senado aprovasse em segundo turno a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que estabelece teto para o crescimento das despesas públicas por 20 anos.