Governo prepara medidas para melhorar produtividade e quer agenda positiva em meio a delações

Publicado em 12/12/2016 10:00

BRASÍLIA (Reuters) - O governo do presidente Michel Temer prepara um pacote de medidas econômicas para tentar dar ânimo à economia num momento em que as delações da Odebrecht turvam o horizonte político e lançam ainda mais incertezas sobre a recuperação da atividade, mas a injeção de recursos em subsídios e subvenções está descartada em meio à continuidade do desequilíbrio nas contas públicas.

O foco está na melhoria do ambiente de negócios, com medidas para diminuir a burocracia ligada à atividade empresarial.

No domingo, Temer reuniu aliados para avaliar o cenário e coordenar ações para esta semana, num esforço para ditar uma agenda positiva diante da enxurrada de notícias envolvendo suposto repasse ilegal a peemedebistas, como o próprio presidente, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, o secretário do Programa de Parcerias de Investimento, Moreira Franco, o líder no Senado, Eunício Oliveira (CE), o presidente da Casa, Renan Calheiros (AL) e o líder do governo no Congresso, Romero Jucá (RR). [nL1N1E60JH] [nL1N1E420I]

Ao longo dos últimos dias, integrantes da equipe econômica vêm repetindo que não há dinheiro em caixa para estímulo direto à economia via desonerações ou subsídios. O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Fabio Kanczuk, chegou a pontuar em coletiva que o governo prepara medidas que aumentem ganhos de produtividade.

O governo também estuda a possibilidade de dar aval para o uso de recursos do FGTS para diminuição do endividamento, após ter avaliado que o elevado nível de comprometimento com dívidas está no cerne da dificuldade para a retomada econômica, afirmou o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), que faz parte de um grupo de trabalho que vem se encontrando com a equipe econômica.

"Há uma constatação de que os brasileiros estão do ponto de vista das pessoas físicas muito endividados", disse Ferraço, acrescentando que a ideia com o mecanismo é que as pessoas possam sair de modalidades de crédito com juros muitos altos, como cartão de crédito e cheque especial.

Ele também citou outras medidas que o grupo levou ao governo, como a diminuição do tempo que as empresas de cartão de crédito repassam recursos aos lojistas por vendas que efetuaram. O senador ressaltou, por outro lado, que as investidas não devem mudar fundamentalmente os rumos da economia.

"Não existe uma bala de prata para destravar economia brasileira", afirmou. "Essas medidas todas no seu conjunto podem melhorar o ambiente de negócios, podem tornar o ambiente menos burocrático, mais simplificado. Mas não é medida dessas que vai resolver o problema", completou.

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, também disse que a autoridade monetária anunciaria esta semana medidas envolvendo pilares importantes de sua agenda. Entre eles, fomento à cidadania financeira, com aperfeiçoamento de mecanismos de solução de conflitos entre cidadãos e o sistema financeiro nacional por meio de sistema digital.

(Por Marcela Ayres)

 

Fonte: Reuters

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