Dólar sobe mais de 1,5% e vai acima de R$ 3,40 após dados fortes dos EUA e sem BC
Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar ampliou o movimento e subia mais de 1,5 por cento, voltando acima do patamar de 3,40 reais nesta quarta-feira, após indicadores mostrarem vigor da economia dos Estados Unidos e reforçarem a percepção de que será necessário aumentar os juros no país, e com a ausência do Banco Central brasileiro no mercado cambial, pelo menos por enquanto.
Às 13:14, o dólar avançava 1,60 por cento, a 3,4103 reais na venda, tendo batido em 3,4120 reais na máxima do dia. O dólar futuro operava com alta de cerca de 1,20 por cento.
"O BC acabou a rolagem (de swaps tradicionais) e está fora do mercado. Nos Estados Unidos, a agenda tem muitos indicadores importantes e que podem influenciar os ativos, o que faz os investidores ficarem na defensiva", comentou o diretor de câmbio da Intercam Corretora de Câmbio, Jaime Ferreira.
Nesta sessão, foi divulgado, entre outros, que as encomendas de bens duráveis nos Estados Unidos subiram 4,8 por cento em outubro, muito acima da previsão em pesquisa Reuters de avanço de 1,5 por cento, e que o índice de confiança do consumidor medido pela Universidade de Michigan foi a 93,8 em novembro, de 91,6 previsto em pesquisa Reuters.
"Os dados fortalecem a leitura de que os juros terão que subir nos Estados Unidos", comentou o operador de câmbio de uma corretora doméstica.
Ajudava também na alta do dólar o fato de o BC brasileiro estar for a deste pregão. Na sessão passada, a autoridade encerrou a rolagem dos swaps tradicionais --equivalentes à venda futura de dólares-- que vencem no dia 1º de dezembro e, à noite, não anunciou leilões para esta sessão.
A atuação do BC veio após a surpreendente vitória de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, nas eleições do dia 8 passado, que alimentou forte onda de aversão ao risco nos mercados globais com o temor de que sua política econômica possa ser inflacionária e pressionar o Federal Reserve, banco central do país, a elevar ainda mais os juros.
Com isso, além de o BC brasileiro fazer leilões de swaps tradicionais para rolagem, ele também vendeu novos contratos, elevando o estoque. Nesta semana, no entanto, ele apenas fez leilões para rolagem.
Até a eleição de Trump, o BC vinha apenas realizando leilões de swaps cambiais reversos, que equivalem à compra futura de dólares, para reduzir os estoques de swaps tradicionais, atualmente em cerca de 26,6 bilhões de dólares.
"Não está previsto nenhum leilão para hoje e amanhã é feriado lá fora, o que traz esse movimento defensivo global", comentou o operador da Advanced Corretora, Alessandro Faganello, referindo-se ao feriado norte-americano do Dia de Ação de Graças, que manterá os mercados financeiros locais fechados.
Os investidores também estava aguardando a divulgação da ata do Fed (17:00, horário de Brasília), em busca de sinalizações sobre o futuro da política monetária norte-americana.
Para o encontro de dezembro do Fed, as chances estavam praticamente em 100 por cento de elevação na taxa do país, segundo o FedWatch.
No exterior, o dólar subia ante outras divisas de emergentes, como os pesos mexicano e chileno.