O que a vitória de Donald Trump significa para o agronegócio americano?

Publicado em 09/11/2016 13:54

Um presidente que ganhou poder usando como um de seus lemas o objetivo de "drenar o pântano" pode parecer uma benção para a agricultura. Mas agora, Donald Trump precisará adotar um tom mais comedido no exercício do cargo do que o utilizado na maneira com a qual se expressou para ganhar poder. É o que aponta a análise do site Agrimoney, ao avaliar os impactos da eleição nos Estados Unidos para o setor agrícola americano.

"É claro que os agricultores irão experimentar algo parecido com uma lua-de-mel agora com essa vitória, que levará o dólar para um curso mais fraco do que ocorreria caso a rival democrata, Hillary Clinton, ganhasse a votação", diz a análise do site.

Um dólar mais fraco melhora a competitividade das exportações dos Estados Unidos - que são uma grande potência na agricultura, estimadas por Washington em US$127 bilhões até o final de setembro, devendo subir para US$133 bilhões no ano comercial atual. As importações, por sua vez, somam US$114,2 bilhões.

Sem novidades?

Mesmo que Donald Trump mantenha um "feliz casamento" com a agricultura, o setor no país dependerá muito mais do que a movimentação da moeda americana no mercado. E também pode depender muito mais do que qualquer reforma agrícola direta.

A agricultura não foi um setor muito citado durante as eleições. Se essa situação permanecer em segundo plano, os agricultores devem esperar pouco no que diz respeito às mudanças no campo.

O que pouco se sabe sobre os pensamentos de Donald Trump para o setor é que ele é "totalmente a favor do etanol" e dos tratores John Deere, dos quais ele é um "grande fã". Logo, este ponto não deve desviar muito de seu curso atual.

Ameaças comerciais

Os agricultores deveriam se preocupar mais com o comércio a longo prazo. Donald Trump tem sido bastante intenso em seus discursos sobre a política comercial.

Além de sugerir uma saída dos Estados Unidos da Organização Mundial do Comércio (Otan), Trump também ameaçou acabar com alguns acordos de livre comércio, como o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (NAFTA) - que envolve Canadá, México e possui o Chile como associado. De acordo com o presidente eleito, este acordo "custa empregos" no país.

Ele também chegou a falar em taxas de 35% sobre bens importados do México e de 45% sobre as importações americanas provenientes da China.

Olho por olho?

Estes fatores importam, uma vez que esses fatos não devem vir sem oposição - gera, então, uma ameaça de os Estados Unidos também terem suas exportações sujeitas a tarifas.

Uma vez que a China é a principal compradora de produtos agrícolas provenientes dos Estados Unidos, com previsão de US$21,5 bilhões até setembro do próximo ano em compras, e o México é o terceiro, com US$18 bilhões, essa retaliação levaria os americanos a procurar compradores alternativos, o que pode gerar um colapso nos preços.

Forças de mercado

Há, entretanto, uma demanda muito grande por parte do mercado Chinês que pode fazer, ao menos, a curto prazo, com que este movimento perca expressão em frente à necessidade das importações de farelo de soja, que são consumidos pela produção de suínos do país asiático.

A indústria europeia de beterraba açucareira (sacarina) - uma resposta aos bloqueios britânicos à cana-de-açúcar durante as guerras napoleônicas - é um exemplo de que há capacidade por parte do país que demanda produtos de suprir por conta própria as suas necessidades.

Tradução: Izadora Pimenta

Fonte: Agrimoney

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