Quais os efeitos das eleições nos EUA para a economia do Brasil?
A democrata Hillary Clinton e o republicano Donald Trump disputam os votos dos eleitores nesta terça-feira (7). No Brasil, especialistas apontam que as incertezas sobre o cenário externo podem ter impacto sobre o câmbio no Brasil, o que pode gerar efeitos sobre a inflação e a taxa de juros. Economistas também citam dúvidas sobre acordos comerciais, e apontam que pode haver atraso na retomada do crescimento da economia brasileira.
Veja abaixo as projeções feitas por especialistas ouvidos pelo G1 sobre os efeitos para a economia do Brasil nos dois cenários possíveis:
Em caso de vitória de Hillary
O cenário em que a candidata democrata seja escolhida como substituta de Barack Obama é entendido como continuidade da atual política econômica norte-americana, analisam os especialistas. Eles apontam que isso seria benéfico para o Brasil.
“Hillary é a continuidade. Então, o Brasil se beneficia da estabilidade do cenário. Na situação que nós estamos passando, precisamos de um cenário externo mais estável para o nosso processo de recuperação econômica”, diz Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset Management.
Rafael Cortez, cientista político da Tendências Consultoria, também analisa a vitória da democrata por esse aspecto. “O mundo deixa de ser uma variável que vai gerar barulho. Com Hillary ganhando, o Brasil vai ficar mais voltado para resolver os seus problemas domésticos.”
Para o mercado, Cortez afirma que o efeito da vitória democrata seria positivo no curto prazo pela “interrupção do ‘risco Trump’, que é percebido como mais significativo”, mas ressalva que ainda há percepção de risco a médio e longo prazo. “A despeito das fortes críticas ao Trump, a Hillary também representa, em um certo sentido, algum risco para a economia, especialmente devido ao atual momento político bastante conturbado norte-americano”.
“No fundo, há também uma incerteza em relação à Hillary. Não é que ela seja percebida como um caminho mais seguro para a retomada do crescimento, não quer dizer que o mercado esteja convencido. Na verdade, uma boa parte do desempenho da Hillary se deve à rejeição do Trump”, pondera Cortez.
Precisamos de um cenário externo estável para o nosso processo de recuperação"
Jason Vieira
Ele cita o risco de maior intervenção na economia norte-americana e maior tributação, o que “pode resultar em efeitos econômicos mais negativos”. “Vai ter um momento em que o mercado vai precisar entender a agenda dela.”
O Fed com Hillary
Sobre o rumo dos juros nos Estados Unidos, Vieira aponta que uma vitória de Hillary “não muda nada”. “Continua a perspectiva de elevação gradual e avaliação da normalização da política monetária norte-americana.”
O mercado monitora pistas sobre a decisão do Federal Reserve (Fed) sobre o rumo dos juros nos Estados Unidos porque taxas mais altas poderiam atrair para o país recursos aplicados atualmente em outros mercados, motivando assim uma tendência de alta do dólar em relação a moedas como o real.
Em caso de vitória de Trump
Cortez aponta que uma eventual vitória de Trump teria como efeito imediato um aumento da volatilidade dos mercados e aumento da percepção de risco. “Pode ter um pouco de estresse até o mercado entender o que vai sair do discurso populista e exagerado e vai se transformar em agenda de governo.”
Leia a notícia na íntegra no site G1.