Inadimplência no Brasil fica estável em 5,9% em setembro, maior nível da série, diz BC
BRASÍLIA (Reuters) - A inadimplência no mercado de crédito brasileiro no segmento de recursos livres repetiu em setembro o nível de 5,9 por cento, maior patamar da série histórica iniciada pelo Banco Central em março de 2011, divulgou a autoridade monetária nesta quarta-feira, após revisar a inadimplência de agosto de 5,7 para 5,9 por cento.
Apesar da estabilidade, o alto patamar da taxa reflete a dificuldade de pagamento no país em meio à forte recessão econômica, com deterioração do mercado de trabalho e num ambiente de empréstimos cada vez mais caros.
Em setembro, os juros médios no mesmo segmento --que conta com taxas livremente definidas pelas instituições financeiras-- seguiram em alta, a 53,4 por cento ao ano, novo recorde histórico.
Em agosto, a taxa era de 52,9 por cento ao ano, em dado revisado pelo BC nesta quarta. A elevação ocorreu apesar de a Selic em setembro não ter sofrido alteração. A primeira mudança nos juros básicos desde julho de 2015 foi decidida pelo BC na semana passada, com a taxa caindo a 14,00 por cento ao ano.
Já o spread bancário, que representa a diferença entre o custo de captação e a taxa efetivamente cobrada pelos bancos ao consumidor final, avançou a 41,2 pontos percentuais em setembro também no segmento de recursos livres, contra nível revisado de 40,6 pontos em agosto, renovando o nível mais alto da série.
O estoque total de crédito no país, que também inclui os recursos direcionados, caiu 0,2 por cento em setembro sobre o mês anterior, a 3,110 trilhões de reais, ou 50,8 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).
Em 12 meses, houve queda no estoque de 1,7 por cento. Já no acumulado de janeiro a setembro, o saldo total recuou 3,4 por cento.
No último mês, o BC divulgou que passou a esperar uma queda de 2 por cento no mercado de crédito no país neste ano, pior resultado e o primeiro no vermelho na série histórica para saldos iniciada em março de 2007, ante expectativa anterior de crescimento de 1 por cento.
(Por Marcela Ayres)