Prisão de Cunha espalha tensão a Brasília (por SONIA RACY, no ESTADÃO)

Publicado em 19/10/2016 12:43
Primeira noite na carceragem da PF em Curitiba

Trocando mensagens, do avião que o trouxe de volta do Japão, Temer admitiu, a um interlocutor em Brasília, sua preocupação com a prisão de Eduardo Cunha – que o próprio presidente admitiu que já esperava.  
No clima de apreensão geral com o que o ex-presidente da Câmara possa fazer – e dizer –, deputados mais próximos dele ficaram ontem à sombra. “E com a tensão estampada no rosto”, relatou um integrante da executiva do PMDB.

Desligar o celular foi providência praticamente unânime.
 
Medindo o estrago 
Qual pode ser o tamanho do estrago para o partido? A melhor resposta a essa pergunta foi o comentário feito, à coluna, por esse dirigente. “É mais fácil perguntar em quem isso não vai respingar do que em quem vai”.
 
Vai ter punição? 
O ex-presidente da Câmara será punido pelo partido? “Ou ele sai ou o PMDB vai ter que se decidir o que fazer”, ponderou a fonte à coluna. Mas lembrou que a sigla não tem tradição de punir ninguém. 
Em 1989, por exemplo, Felipe Cheidde e Mário Bouchardet perderam o mandato por excesso de faltas – mas a decisão foi da Mesa da Câmara. Depois, Ibsen Pinheiro foi cassado por uma CPI e Genebaldo Correiarenunciou antes dessa punição. 
  
Operação silêncio 
Não houve sinal – pelo menos até o início da noite – de comemoração na alta cúpula do PT, que passou meses acusando Cunha de ter “comandado o golpe contra Dilma”.

Silêncio que, segundo a assessoria da ex-presidente, seria também seguido por ela.

 

Primeira noite na carceragem da PF em Curitiba

O ex-poderoso presidente da Câmara passou sua primeira noite na prisão da Lava Jato. Na carceragem da PF também estão o empreiteiro Marcelo Odebrecht – capturado em 19 de junho de 2015 e agora negociando delação premiada -, o doleiro Alberto Youssef e outros personagens da Lava Jato.

Eduardo Cunha deve permanecer isolado e hoje será levado ao Instituto Médico Legal para exames de corpo de delito, uma praxe policial para verificação do estado de saúde do prisioneiro. O advogado Ticiano Figueiredo, que integra o núcleo de defesa do ex-deputado, o aguardava na PF.

O peemedebista foi preso por volta de 13h15 desta quarta, na garagem do edifício localizado na 316 Sul, Bloco B, em Brasília. Eduardo Cunha estava acompanhado de um advogado.

Denúncias. A primeira denúncia contra Cunha veio em agosto de 2015, e acusa o parlamentar de corrupção e lavagem de dinheiro por ter recebido ao menos US$ 5 milhões em propinas referentes a dois contratos de construção de navios-sonda da Petrobrás.

Leia também: 

Prisão de Cunha foi cumprida na garagem do prédio do ex-deputado (na FOLHA)

Para Moro, Cunha praticou crimes 'de forma profissional e sofisticada'

Moro bloqueia transferência da propriedade de oito carros de Cunha

Fonte: Folha de S. Paulo + Reuters

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