Prisão de Cunha espalha tensão a Brasília (por SONIA RACY, no ESTADÃO)
Trocando mensagens, do avião que o trouxe de volta do Japão, Temer admitiu, a um interlocutor em Brasília, sua preocupação com a prisão de Eduardo Cunha – que o próprio presidente admitiu que já esperava.
No clima de apreensão geral com o que o ex-presidente da Câmara possa fazer – e dizer –, deputados mais próximos dele ficaram ontem à sombra. “E com a tensão estampada no rosto”, relatou um integrante da executiva do PMDB.
Desligar o celular foi providência praticamente unânime.
Medindo o estrago
Qual pode ser o tamanho do estrago para o partido? A melhor resposta a essa pergunta foi o comentário feito, à coluna, por esse dirigente. “É mais fácil perguntar em quem isso não vai respingar do que em quem vai”.
Vai ter punição?
O ex-presidente da Câmara será punido pelo partido? “Ou ele sai ou o PMDB vai ter que se decidir o que fazer”, ponderou a fonte à coluna. Mas lembrou que a sigla não tem tradição de punir ninguém.
Em 1989, por exemplo, Felipe Cheidde e Mário Bouchardet perderam o mandato por excesso de faltas – mas a decisão foi da Mesa da Câmara. Depois, Ibsen Pinheiro foi cassado por uma CPI e Genebaldo Correiarenunciou antes dessa punição.
Operação silêncio
Não houve sinal – pelo menos até o início da noite – de comemoração na alta cúpula do PT, que passou meses acusando Cunha de ter “comandado o golpe contra Dilma”.
Silêncio que, segundo a assessoria da ex-presidente, seria também seguido por ela.
Primeira noite na carceragem da PF em Curitiba
O ex-poderoso presidente da Câmara passou sua primeira noite na prisão da Lava Jato. Na carceragem da PF também estão o empreiteiro Marcelo Odebrecht – capturado em 19 de junho de 2015 e agora negociando delação premiada -, o doleiro Alberto Youssef e outros personagens da Lava Jato.
Eduardo Cunha deve permanecer isolado e hoje será levado ao Instituto Médico Legal para exames de corpo de delito, uma praxe policial para verificação do estado de saúde do prisioneiro. O advogado Ticiano Figueiredo, que integra o núcleo de defesa do ex-deputado, o aguardava na PF.
O peemedebista foi preso por volta de 13h15 desta quarta, na garagem do edifício localizado na 316 Sul, Bloco B, em Brasília. Eduardo Cunha estava acompanhado de um advogado.
Denúncias. A primeira denúncia contra Cunha veio em agosto de 2015, e acusa o parlamentar de corrupção e lavagem de dinheiro por ter recebido ao menos US$ 5 milhões em propinas referentes a dois contratos de construção de navios-sonda da Petrobrás.
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