Lula é indiciado pela Polícia Federal em caso sobre contratos da Odebrecht em Angola, diz fonte
Por Eduardo Simões
SÃO PAULO (Reuters) - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi indiciado nesta quarta-feira pela Polícia Federal em um caso envolvendo contratos obtidos pela empreiteira Odebrecht em Angola, disse uma fonte com conhecimento do caso à Reuters.
O ex-presidente foi indiciado ao lado de outras nove pessoas, disse essa fonte que falou sob condição de anonimato. O inquérito da PF em que Lula é novamente indiciado já foi enviado ao Ministério Público, acrescentou a fonte.
Em nota publicada em seu site, a Polícia Federal disse que foram indiciados no relatório final da Operação Janus "um agente político, sete executivos da empreiteira Odebrecht e os dois sócios da empresa Exergia... pelos crimes de corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro".
"As provas recolhidas ao longo dos dez meses de investigação demonstram que a empreiteira Odebrecht teria pago 20 milhões de reais à empresa Exergia (em valores atualizados o valor chegaria a 31 milhões de reais). Esse pagamento ocorreu sem a devida prestação dos serviços de engenharia em empreendimentos de infraestrutura financiados pelo BNDES em Angola", afirma a nota da PF, sem dar os nomes dos indiciados, entre eles Lula.
Os advogados do ex-presidente repudiaram, em nota, o "vazamento de informações relativas à investigações e a processos à imprensa em detrimento da defesa regularmente constituída".
Cristiano Zanin Martins e Roberto Teixeira acrescentaram que pretendem tomar "as medidas cabíveis, no âmbito administrativo e judicial", assim que for liberado o acesso da defesa aos autos pelo Ministério Público.
Lula já é réu em dois processos relacionados à operação Lava Jato, que investiga um bilionário esquema de corrupção na Petrobras. Um deles tramita na Justiça Federal do Paraná e o outro na Justiça Federal do Distrito Federal.
Caberá agora ao Ministério Público decidir, com base no novo indiciamento feito pela PF, se oferece nova denúncia contra o ex-presidente, o que pode torná-lo réu na Justiça mais uma vez, caso a eventual denúncia seja aceita.
(Reportagem adicional de Natália Scalzaretto)