Donald Trump x Hillary Clinton: O agronegócio brasileiro também vai sentir a decisão

Publicado em 26/09/2016 15:36

Um dos eventos políticos mais aguardados em 2016 é a eleição presidencial nos Estados Unidos. Como bem pontuou o jornal americano The Washington Post, esta é a disputa entre os dois candidatos mais impopulares da história da moderna e ganha ainda mais combustível nesta segunda-feira, 26 de setembro, quando acontece o primeiro debate entre a democrata e o republicano, a menos de dois meses das eleições. 

O Notícias Agrícolas esteve nos Estados Unidos em agosto e foi inevitável não trazer à tona com os produtores norte-americanos o assunto da vez e, surpreendentemente ou nem tanto, a maior parte daqueles com que conversamos parecia estar mais propício a ceder ao conservadorismo de Trump. No entanto, não deixaram de pontuar que sozinho ele, ou qualquer líder, não governará e que por isso, o próximo passo para o milionário que jamais concorreu a um cargo eletivo deve ser o de arranjar mais jogo de cintura para lidar com o Congresso Americano. 

Fato é que, embora a decisão não passe nem perto dos agricultores brasileiros, mas, inevitavelmente, seu resultado vai afetar a atividade nacional. Estamos falando da maior economia do mundo e de um dos maiores parceiros comerciais do Brasil, afinal. Qualquer mudança política e/ou econômica que ocorra no país, portanto, exige atenção. Pra começar a lista - e já terminar aqui, já que as pesquisas indicam uma disputa voto a voto - o dólar acompanha o rumo do novo governante, as commodities também, e Wall Street.  

Hillary parece mais atenta à realidade do mundo, mais aberta às negociações e às conversas. Trump passa a imagem da necessidade da autoafirmação, buscando deixar mais do que claro sua opinião forte e sem aceitar muitas sugestões, tal e qual uma presidente de quem já ouvimos falar aqui por essas terra brasilis. Se lembram? Isso, é essa. 

Pelos discursos, ambos pretendem defender os interesses americanos, o que é natural e até meio óbvio, porém, o republicano tem sido mais duro em suas declarações, como ao se referir aos parceiros comerciais dos EUA como aproveitadores ou muito  dependentes. Embora impensável, a perspectiva que Trump traz para uma economia mais fechada ao mercado internacional gera insegurança e desconfiança. Os resultados de ações como estas, porém, ainda não passaram por um balanço profundo dos traders, investidores ou especialistas. 

De outro lado, o mercado sabe que pode esperar uma continuidade das medidas adotadas por Barack Obama e sua equipe com a vitória de Hillary. Suas decisões são observadas com alguma previsibilidade a mais, o que não seria nada mal neste momento já que poderia significar um risco menor aos investidores. Mas, sua imagem também não se desvincula fácil de Bill Clinton e, certo ou errado, isso ainda pesa. A inconsistência de algumas de suas opiniões, embora bem justificadas, também estão entre seus pontos fracos, segundo especialistas.  

Assim, essa nebulosidade ao redor de um possível governo Trump - já que nem ele mesmo parece saber o que espera ou o que pode trazer efetivamente - indica, somente e a princípio, que uma mudança brusca como esta sugere, pelo menos, que o mercado não está com o apetite tão ávido a esse risco. O que o mercado também sabe é que é muito difícil prever o que Trump faria no comando da maior economia mundial. 

Se os americanos vão pagar pra ver? Também não se sabe. Os debates, que serão realizados em uma série de três, começam nesta segunda e está aberto o primeiro round. A disputa entre ambos, até agora, tem sido aquecida e com trocas de farpas bastante sérias. E os dois contam com assuntos graves como terrorismo, violência e preconceito para começarem, oficialmente as discussões e, só então, começar a clarear a mente de pelo menos 50% dos eleitores americanos, já que uma pesquisa mostra que esse é o índice da população votante que está esperando os debates para se decidir.  

Para a agricultura dos Estados Unidos, as propostas são ainda mais nebulosas e, nesse caso, isso se estende para Hillary Clinton. Um artigo do portal Farm Futures mostrou que, embora os EUA sejam um dos maiores produtores de alimentos do mundo, poucas perguntas das que vem sendo feitas pelos eleitores ou pela mídia referem-se às atividades agropecuárias do país e o futuro que terão. 

Entre os poucos destaques estão a próxima Farm Bill - uma espécie de Plano Safra para os EUA, que dura cinco anos -, a quel será produzida no novo governo, os trabalhadores imigrantes que atuam ilegalmente no setor, os custos elevados da atividade, as políticas ambientais, a tributação e a proteção ao mercado agrícola norte-americano. O que acontece com tudo isso? Como afeta o Brasil? Saberemos a partir de agora. E a mídia americana já chama a noite desta segunda-feira de "Superbowl dos Debates", que é o maior acontecimento esportivo dos EUA, como bem lembrou a Folha. 

Se quiser assisitir, o debate começa às 22h (horário de Brasília) e pode ser visto TV fechada em redes como a Band News, a CNN e a Bloomberg, ao vivo.

Por: Carla Mendes e André Bittencourt Lopes
Fonte: Notícias Agrícolas

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