Dólar recua ante real, à espera de Yellen e de olho em fiscal no Brasil
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar tinha leve queda frente ao real nesta quarta-feira, com investidores ainda preferindo a cautela antes do discurso na sexta-feira da chair do Federal Reserve, Janet Yellen, e diante de preocupações com a capacidade do governo brasileiro de avançar com o ajuste fiscal no Congresso Nacional.
Às 11:44, o dólar recuava 0,12 por cento, a 3,2295 reais na venda, após subir 1 por cento na sessão anterior. O dólar futuro rondava a estabilidade nesta manhã.
"O evento mais importante da semana é o discurso de Yellen na sexta-feira. Se não tivermos muitas surpresas até lá, o mercado vai evitar grandes movimentos", disse o operador da corretora Correparti Ricardo Gomes da Silva.
Yellen falará na conferência anual de bancos centrais em Jackson Hole, nos EUA, e investidores buscarão em suas palavras novas pistas sobre a possibilidade de os juros norte-americanos subirem neste ano, após declarações recentes de autoridades do banco central fortalecerem as apostas nesse sentido.
No Brasil, o cenário fiscal também era motivo de cautela. O governo do presidente interino Michel Temer vem enfrentando dificuldades para angariar apoio legislativo a medidas de austeridade fiscal, em especial o projeto que limita o crescimento das despesas federais.
"O governo sofre para aprovar matérias consideradas pouco polêmicas na Câmara e Senado. Essa sinalização é péssima para quem tem grandes desafios pela frente", escreveram analistas da corretora Lerosa Investimentos em relatório.
A maioria dos investidores ainda aposta, porém, que o governo enrijecerá sua postura após a confirmação do impeachment da presidente Dilma Rousseff, cujo julgamento no Senado começará na quinta-feira.
Outro fator que vem suscitando dúvidas no mercado é a postura do Banco Central no mercado de câmbio. Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total de até 10 mil swaps reversos, que equivalem a compra futura de dólares, atendo-se ao script dos últimos dias.
(Por Bruno Federowski)