Dólar cai pela 7ª sessão e vai à casa dos R$ 3,13 com exterior e política local
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em queda pela sétima sessão consecutiva nesta quarta-feira, no patamar de 3,13 reais, em linha com o tombo da moeda norte-americana nos mercados externos e após o Senado dar o aval à etapa final do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff.
A divisa apresentou alguma volatilidade durante a sessão e chegou a esboçar avanços no início da tarde diante da queda dos preços do petróleo. Preocupações com as perspectivas fiscais brasileiras também contribuíram para limitar as perdas.
O dólar recuou 0,28 por cento, a 3,1322 reais na venda, menor nível de fechamento desde 13 de julho de 2015 (3,1308 reais), e acumulando queda de 4,27 por cento em sete sessões.
O dólar futuro caía cerca de 0,57 por cento no fim da tarde.
"O dólar não para de cair em todo o mundo e o Brasil não é exceção", resumiu o superintendente de câmbio da corretora Intercam, Jaime Ferreira.
A demanda por ativos de alto risco nos mercados globais tem permanecido forte e ganhou mais impulso na sexta-feira passada, quando dados mais fortes que o esperado sobre o mercado de trabalho dos Estados Unidos alimentaram otimismo sobre a recuperação econômica global.
Desde então, outros indicadores econômicos em países como EUA e China vêm sustentando o bom humor e a percepção de que, mesmo com o ritmo atual de recuperação econômica, os juros norte-americanos não devem subir tão cedo.
Também contribuiu para o tom positivo no Brasil a aprovação do parecer pela continuidade do processo de impeachment de Dilma, durante a madrugada.
"A grande dúvida é o quanto do impeachment está no preço. Pelo andar da carruagem, parece que ainda tem alguma gordura relacionada a isso que pode ser queimada com a votação", disse o estrategista de um banco internacional, sob condição de anonimato.
A perspectiva de que o impeachment seja confirmado em julgamento no fim deste mês tem animado investidores, que vêm recebendo bem as promessas de contenção de gastos do presidente interino Michel Temer.
Alguns, no entanto, preocupam-se com os recentes recuos do governo em relação ao ajuste fiscal, como a retirada do bloqueio a reajustes salariais ao funcionalismo público estadual para garantir a aprovação da renegociação da dívida dos Estados pela Câmara dos Deputados.
O cancelamento por falta de quórum da sessão marcada para votar os destaques do texto na Câmara, incluindo o que impõe um teto ao crescimento dos gastos dos Estados, também trouxe alguma desconfiança.
Mas ainda predomina no mercado a leitura de que o governo só terá margem de manobra suficiente para encabeçar os esforços fiscais no Congresso Nacional quando o impeachment for confirmado, no que analistas da corretora Lerosa Investimentos descreveram como uma "atitude mais pró-ativa".
"Com isso, o fluxo está garantido e as cotações podem sim romper os patamares de 3,10 reais no curto prazo", escreveram eles em nota a clientes.
Dados do BC mostram, porém, que o Brasil tem apresentado saídas líquidas de divisas, com fluxo negativo de 2,251 bilhões de dólares só na semana passada, concentrado na conta financeira. Muitos operadores acreditam que essa tendência deve mudar após a votação do impeachment.
Nesta manhã, o Banco Central brasileiro vendeu novamente a oferta total de até 10 mil swaps reversos, que equivalem a compra futura de dólares.