Dólar cai quase 1% e caminha para R$ 3,15, com expectativa de fluxo positivo e Fed
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar recuou em direção a 3,15 reais e renovou a mínima de fechamento em mais de um ano nesta sexta-feira, reagindo à perspectiva de ingressos de recursos externos no Brasil e com investidores minimizando as chances de aumento de juros nos Estados Unidos mesmo após dados fortes sobre o emprego.
O dólar recuou 0,80 por cento, a 3,1691 reais na venda, menor nível no fechamento desde 16 de julho de 2015 (3,1582 reais). A moeda norte-americana acumulou queda de 2,28 por cento na semana, maior baixa semanal desde a última semana de junho (-4,35 por cento).
A divisa chegou a operar perto do zero a zero, a 3,1999 reais na máxima desta sessão, mas voltou a ampliar as perdas após os preços do petróleo reduzirem a baixa. O dólar futuro perdia cerca 0,80 por cento no fim desta tarde.
"O mercado engrenou em um movimento de baixa (do dólar) e não quer soltar. Todas as casas estão vendo muito fluxo e parece que isso não vai passar tão cedo", disse o operador de um banco internacional, sob condição de anonimato.
Desde a sessão anterior, operadores vêm citando forte entrada de recursos, especialmente concentrada em operações corporativas. Diversas grandes empresas, incluindo Vale e Petrobras, levantaram recursos nos mercados externos nas últimas semanas.
"Já se fala no mercado que o dólar pode buscar os 3 reais em breve", afirmou o operador.
Mesmo dados mais fortes que o esperado sobre o mercado de trabalho nos EUA não foram suficientes para interromper a queda do dólar. A criação de vagas fora do setor agrícola nos EUA somou 255 mil no mês passado, contra expectativas de 180 mil em pesquisa da Reuters.
Após a divulgação dos números, investidores elevaram suas apostas no mercado de juros futuros norte-americanos em aumento da taxa de juros neste ano, mas continuaram sendo minoritárias.
"(Os números) não são suficientes para mudar a avaliação de que os juros nos EUA só subirão, no mínimo, em dezembro", disse mais cedo o economista da 4Cast Pedro Tuesta.
Muitos operadores acreditam que o Fed deve esperar sinais mais contundentes de aceleração da inflação nos Estados Unidos e o impacto da opção britânica pela saída da União Europeia para voltar a elevar os juros.
A demora para retomar o aperto monetário tende a ajudar ativos que oferecem rendimentos elevados, como os brasileiros.
Nesta manhã, o Banco Central vendeu novamente 10 mil swaps reversos, que equivalem a compra futura de dólares. O BC vem realizando essa operação praticamente todos os dias, mas mudou o horário do leilão desta sexta-feira.
Até a sessão passada, o leilão acontecia entre 9:30 e 9:40, com o resultado divulgado a partir das 9:50, uma hora antes do que o leilão deste pregão. O horário anterior coincidiria com a divulgação dos dados de emprego dos EUA.
Segundo sua assessoria de imprensa, "o BC avaliou que, para hoje, o horário do leilão de swaps é o mais adequado".
(Edição de Patrícia Duarte)