Dólar fecha em queda e abaixo de R$ 3,25 com petróleo e expectativa de fluxo positivo

Publicado em 03/08/2016 18:00

Por Bruno Federowski

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em queda e abaixo de 3,25 reais nesta quarta-feira, com menor aversão ao risco no exterior e expectativas de entradas de recursos externos compensando preocupações com o ajuste fiscal no Brasil e dados mais fortes que o esperado sobre o emprego nos Estados Unidos.

O dólar recuou 0,77 por cento, a 3,2408 reais na venda, após chegar a 3,2928 reais na máxima da sessão, alta de 0,82 por cento. O dólar futuro recuava cerca de 0,60 por cento no fim desta tarde.

"O dia começou bem desfavorável para os emergentes, mas o petróleo voltou a subir e reviveu a procura por moedas de rendimento alto", resumiu o diretor de câmbio do Banco Paulista, Tarcísio Rodrigues.

Os contratos futuros do petróleo subiam com força nesta sessão, após queda nos estoques de gasolina nos Estados Unidos ofuscarem a inesperada alta nos estoques da commodity. Com isso, a aversão ao risco perdeu força nas praças internacionais.

No Brasil, a queda do dólar refletiu também expectativas de entradas de recursos externos relacionados a operações corporativas da Vale, que lançou nesta sessão 1 bilhão de dólares em títulos de 10 anos no mercado externo.

Duas fontes também afirmaram à Reuters que a mineradora avalia levantar até 10 bilhões de dólares com a venda de até 3 por cento de sua produção futura.

"A perspectiva de entradas corporativas está ganhando força. Espero que com a votação do impeachment, o fluxo para portfólio também esquente", disse o operador de um banco internacional, referindo-se ao julgamento do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff no Senado, previsto para este mês.

Esses fatores ofuscaram a aversão a risco vista mais cedo nos mercados globais, provocada pela criação maior que esperada de vagas no setor privado dos EUA em julho. Os números alimentaram expectativas de que o relatório de emprego que será divulgado na sexta-feira também mostre bom desempenho e, eventualmente, levar o Federal Reserve, banco central norte-americano, a elevar os juros.

De maneira geral, operadores ainda esperam que o Fed demore para voltar a subir os juros, o que tende a beneficiar ativos emergentes.

No Brasil, o mercado também vem sendo pressionado por preocupações com a capacidade do governo do presidente interino Michel Temer de aprovar no Congresso Nacional medidas de austeridade fiscal.

Na véspera, a Câmara dos Deputados adiou para a semana que vem a votação do projeto de renegociação das dívidas dos Estados junto à União, mesmo após o governo federal ceder em alguns pontos. Investidores temem que o atraso reflita dificuldade mais ampla do governo para obter consenso entre os parlamentares.

"Está crescendo a desconfiança do mercado de que não vai ser nem um pouco fácil para o governo conseguir apoio no Congresso para as medidas necessárias", disse o operador da corretora B&T Marcos Trabbold.

Nesta manhã, o Banco Central brasileiro vendeu novamente 10 mil swaps reversos, contratos que equivalem a compra futura de dólares. A autoridade monetária vem atuando dessa forma quase diariamente desde o mês passado.

 

Fonte: Reuters

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