Fed mantém juros e diz que riscos à perspectiva diminuíram
Por Lindsay Dunsmuir e Howard Schneider
WASHINGTON (Reuters) - O Federal Reserve, banco central norte-americano, deixou os juros inalterados nesta quarta-feira mas disse que os riscos de curto prazo à perspectiva econômica dos Estados Unidos diminuíram, abrindo a porta para retomar o aperto monetário neste ano.
O Fed informou que a economia cresceu em ritmo moderado e os ganhos no emprego foram fortes em junho. Além disso, os gastos das famílias também vinham "crescendo fortemente" e destacou um aumento da utilização da força do trabalho.
Embora autoridades do Fed tenham dito que continuam a monitorar de perto os dados de inflação e os acontecimentos econômicos e financeiros globais, indicaram menos preocupação com possíveis choques que possam tirar a economia norte-americana dos trilhos.
"Os riscos de curto prazo à perspectiva econômica têm diminuído", disse o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) em comunicado após dois dias de reuniões, em que optou por manter a taxa básica de juros em uma faixa entre 0,25 e 0,50 por cento.
O Fomc ressaltou, porém, que as expectativas de inflação ficaram, no geral, pouco inalteradas em relação aos meses anteriores.
O Fed tem mantido os juros desde dezembro, quando elevou-os pela primeira vez em quase uma década e sinalizou planejar mais quatro aumentos em 2016.
Essa perspectiva foi reduzida para dois aumentos neste ano após autoridades do Feddivulgarem novas projeções, nas quais também reduziram suas estimativas de crescimento no longo prazo para a economia dos EUA.
Apesar da forte recuperação do crescimento do emprego no mês passado, com a economia perto do pleno emprego, a maioria dos membros do Fomc pediu cautela ao aumentar os juros até que houvesse progresso concreto em elevar a inflação na direção da meta de 2 por cento do Fed.
A medida de inflação preferida pelo Fed está atualmente em 1,6 por cento e tem permanecido abaixo do objetivo há mais de quatro anos.
A desaceleração econômica global, a volatilidade nos mercados financeiros e a incerteza sobre o impacto do referendo em junho que decidiu pela saída do Reino Unido da União Europeia forçaram repetidamente o Fed a postergar outro aumento de juros.
Mas o impacto inicial do referendo sobre a economia dos EUA foi pequeno. Uma série de dados econômicos melhores que o esperado, além do afrouxamento das condições financeiras, também acalmaram os ânimos.
Há ainda mais três reuniões do Fed neste ano --em setembro, novembro e dezembro. Uma alta de juros em novembro é vista como improvável porque o encontro ocorrerá uma semana antes das eleições presidenciais.
A presidente do Fed de Kansas City, Esther George, foi a única dissidente na reunião desta semana. Ela foi a favor de elevar os juros em três das últimas quatro reuniões.