Dólar sobe 1% e se aproxima de R$ 3,30 com realização de lucros
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em alta de 1 por cento e voltou a se aproximar de 3,30 reais nesta quinta-feira, com investidores realizando lucros após o tombo recente da moeda norte-americana enquanto aguardavam novos desdobramentos que possam servir de gatilho para mais mudanças de patamar.
Com isso, o real se descolou dos mercados externos e quebrou a tendência recente de queda mais acentuada do dólar no Brasil. Investidores citaram como os principais focos a serem monitorados o ajuste fiscal e o cenário político no Brasil.
O dólar avançou 1,02 por cento, a 3,2816 reais na venda, após chegar a 3,2894 reais na máxima e 3,2429 reais na mínima da sessão. O dólar futuro subia cerca de 0,70 por cento no fim tarde.
A moeda norte-americana vinha girando em torno de 3,25 reais, perto das mínimas em um ano, durante praticamente todo este mês, sem conseguir buscar patamares ainda mais baixos.
"Há uma realização grande no mercado, estão colocando dinheiro no bolso", disse o operador de uma corretora nacional, sob condição de anonimato.
"Para o rali continuar, vamos precisar de notícias grandes, como a confirmação do impeachment ou alguma demonstração grande de contenção fiscal", acrescentou, referindo-se ao julgamento do impedimento de Dilma Rousseff no Senado, marcado para agosto.
O bom humor recente nos mercados locais refletiu o otimismo de boa parte dos investidores com a capacidade do governo do presidente interino Michel Temer de colocar a economia brasileira de volta nos trilhos.
Mas o recesso parlamentar branco e o esfriamento do noticiário político diminuíram um pouco esse ímpeto nos últimos dias e limitou o volume de negócios. Isso abriu espaço para realização de lucros entre aqueles que haviam apostado na queda da moeda norte-americana.
"No momento não existe fato político nenhum que possa alterar muito o mercado", resumiu o operador da corretora Correparti Ricardo Gomes da Silva.
A alta do dólar frente ao real nesta sessão veio mesmo após o Brasil lançar emissão de 1,5 bilhão de dólares em bônus nos mercados externos, que não só poderia resultar diretamente em entradas de recursos no Brasil como também abrir espaço para outras emissões corporativas.
Muitos operadores esperavam que a tendência de fluxo cambial negativo vista neste ano se reverta nos próximos meses conforme a recuperação econômica brasileira ganha força e empresas aproveitam o otimismo combinado com preços baixos para realizar operações corporativas como emissões e fusões.
Empresas como Cosan, Petrobras e Marfrig captaram no exterior nas últimas semanas.
Nesta manhã, o BC voltou a vender 10 mil swaps reversos, que equivalem a compra futura de dólares, repetindo a operação que realizou em todos os pregões neste mês exceto um.
Nos mercados externos, o dólar tinha leves variações em relação às principais moedas emergentes, após o BCE manter as taxas de juros e os planos de política monetária nesta manhã. No entanto, o presidente do BCE, Mario Draghi, disse que está preparado para tomar mais ações para elevar a inflação e o crescimento econômico se necessário.
(Reportagem adicional de Flavia Bohone; Edição de Patrícia Duarte)