Indicados ao BC defendem intervenções pontuais no câmbio
BRASÍLIA (Reuters) - Intervenções pontuais do Banco Central no câmbio que sirvam para corrigir fortes distorções são práticas saudáveis desde que não alterem a trajetória da moeda, afirmou o indicado à diretoria de Política Monetária do BC, Reinaldo Le Grazie, que foi acompanhado no tema pelos demais indicados a postos de direção na autarquia em sabatina nesta terça-feira.
Falando na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Le Grazie defendeu que o BC utilize com parcimônia as ferramentas que dispõe, podendo reduzir suas exposições cambiais "em ritmo compatível com o normal funcionamento do mercado, quando e se estiverem presentes as adequadas condições".
Nesta sessão, o BC vendeu pelo terceiro dia consecutivo 10 mil swaps reversos, que equivalem à compra futura de dólares, retomando o instrumento após deixá-lo de lado por mais de um mês. Com isso, a moeda norte-americana <BRBY> avançava para perto de 3,30 reais, mas com os investidores entendendo que o BC não busca um patamar definido.
Com os leilões, o BC retomou o movimento de reduzir os estoques de swaps tradicionais --correspondentes à venda futura de dólares--, que estavam em torno de 100 bilhões de dólares no final do ano passado. Hoje, eles estão em cerca de 60 bilhões de dólares.
Também participando da sabatina, os indicados à diretoria de Assuntos Internacionais do BC, Tiago Couto Berriel; de Política Econômica, Carlos Viana de Carvalho; e de Relacionamento Institucional, Isaac Sidney Ferreira, defenderam o uso de instrumentos cambiais quando necessário.
"Intervenções no câmbio cumprem papel de tentar normalizar o funcionamento do mercado", disse Viana. Ferreira, por sua vez, destacou que o Brasil não trabalha com meta de taxa de câmbio, mas que o BC deve atuar para conter as disfunções do mercado quando ocorrerem.
Os sabatinados reforçaram a importância do tripé macroeconômico, com inflação baixa e estável, e da implementação de reformas fiscais para a plena eficácia da política monetária.
Em sua fala, Ferreira também reiterou o compromisso destacado pelo presidente do BC, Ilan Goldfajn, de levar a inflação para o centro da meta de 4,5 por cento em 2017.
Le Grazie acrescentou ainda ser "preciso que os riscos percebidos de a inflação ficar acima ou abaixo da meta sejam simétricos, ou seja, que a sociedade não associe o centro da banda ao piso da inflação".
A CAE ainda precisa votar a indicação dos quatro nomes e, em seguida, passar pelo crivo do plenário do Senado.
(Por Marcela Ayres)