'Velha política' ameaça a Lava Jato, diz chefe da Transparência Internacional

Publicado em 27/06/2016 07:19

Para o presidente da Transparência Internacional, organização voltada ao combate à corrupção de influência mundial, a Operação Lava Jato não comete abusos ao atingir políticos de alto escalão.

José Ugaz defende a punição de "peixes grandes" como exemplo de que "ninguém está acima da lei".

Em entrevista à Folha, o peruano alerta, porém, para eventuais fracassos.

"Na ausência de novas lideranças, existe um risco real de que a velha política consiga sabotar os avanços da luta contra a corrupção". Com um agravante. "Há sinais preocupantes de desmobilização da cidadania", observa.

Ugaz chegou ao Brasil no domingo (26) para a abertura de uma representação da Transparência Internacional e encontrará o juiz Sergio Moro, o procurador­geral Rodrigo Janot, ministros do Supremo e congressistas.

Folha - Que tipo de efeito ações ruidosas como a prisão do ex­ ministro Paulo Bernardo (PT) causam?

José Ugaz - É inevitável que casos de grande corrupção, quando descobertos, criem impacto político e midiático. Isso não é mau. Alguns especialistas, como Robert Klitgaard [ex­professor da Universidade Harvard], dizem que um bom começo a um processo anticorrupção vigoroso é "fritar peixes grandes". É importante para a população ver que não há intocáveis, ninguém acima da lei.

Houve perseguição ou abuso de autoridade na Lava Jato?

Não há corrupto nesse nível que não se diga perseguido político, em qualquer parte do mundo, e normalmente não há base para se afirmar isso. [Uma investigação de fôlego] pode produzir alguma contaminação política, mas a melhor forma de se evitar excessos são a transparência e o monitoramento, não somente dos órgãos encarregados, mas também da sociedade.

Então, até agora, não identificou excessos no Brasil, como alguns petistas alegam?

Não vemos nenhuma violação severa ao devido processo. Investigados, quando têm significativa cota de poder, tratarão de utilizá­lo alegando perseguição política, golpe de Estado. Mas isso ocorre de um e de outro lados. A corrupção não tem distinção de ideologia. Parece­me mais discurso para a opinião pública, quando o que vemos é que se está fazendo justiça. 

Leia a notícia na íntegra no site Folha de S.Paulo.

Fonte: Folha de S.Paulo

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