Bovespa encerra pregão volátil em alta de 1% acompanhando o exterior
Por Priscila Jordão
SÃO PAULO (Reuters) - A Bovespa fechou em alta de 1 por cento nesta quinta-feira, depois de ter recuado mais cedo, acompanhando o movimento das bolsas dos Estados Unidos que passaram a subir após a suspensão das campanhas para o referendo sobre a permanência britânica na União Europeia.
O Ibovespa encerrou em alta de 1,02 por cento, a 49.411 pontos. O giro financeiro foi de 5,96 bilhões de reais.
Uma parlamentar britânica morreu após ter sido baleada no norte da Inglaterra nesta quinta-feira, causando comoção em toda a Grã-Bretanha e a suspensão temporária das campanhas para o referendo na próxima semana.
Enquanto investidores buscavam digerir as implicações do ocorrido para o referendo sobre a permanência britânica na UE, os índices acionários norte-americanos passaram a subir após cinco sessões seguidas de perdas, o que endossou ganhos na Bovespa.
O índice da bolsa brasileira chegou a cair 1,73 por cento no pior momento do dia, com a aversão ao risco no exterior por conta do referendo, entre outros fatores. Além disso, comentários do Federal Reserve na véspera ainda foram objeto de análise, após a chair da autoridade monetária norte-americana, Janet Yellen, afirmar que o Fed ainda precisa ver sinais mais claros de força econômica antes de elevar os juros.
Mesmo ante a expectativa quanto ao resultado do referendo britânico na próxima semana, o Ibovespa pode se descolar do exterior, na avaliação do gestor Marco Tulli Siqueira, da mesa de operações de Bovespa da Coinvalores, porque a perspectiva de corte de juros no Brasil deixou a bolsa mais interessante para investidores.
"Ao meu ver o Ibovespa ficará em um canal, entre 47 mil e 52 mil pontos. Em particular no Brasil, há um ensaio de migração de renda fixa para renda variável e portanto essa volatilidade ficará testando esses pontos", afirmou.
Na cena doméstica, o quadro político seguiu como pano de fundo. Na quarta-feira, o mundo político brasileiro foi sacudido pela divulgação da delação premiada do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, em que acusa o presidente interino Michel Temer de ter pedido recursos ilícitos para a campanha de Gabriel Chalita à prefeitura de São Paulo em 2012.
Temer negou as acusações em pronunciamento, classificando as declarações de Machado como irresponsáveis e criminosas.
DESTAQUES
--EMBRAER subiu 4,95 por cento, maior alta do Ibovespa, depois que o Bank of America Merrill Lynch elevou a recomendação do ADR da empresa para "compra". Também pesaram notícias sobre pedido da Embraer ao Itamaraty para que realize consultas com o governo do Canadá a respeito do aporte de capital na Bombardier. "Os pedidos da Delta Air Lines de aviões da Bombardier, em detrimento da Embraer, trouxeram algumas preocupações ao mercado e ficou a percepção de que estavam sendo subsidiados com capital do governo canadense", disse o analista da Lerosa Corretores de Valores Vitor Suzaki.
--KROTON e ESTÁCIO fecharam em alta de 0,86 e 0,2 por cento, revertendo perdas, com o anúncio de que o governo federal investirá 450 milhões de reais em 75 mil novas vagas para o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) no segundo semestre.
--USIMINAS devolveu ganhos exibidos durante a maior parte do dia e fechou em baixa de 1,95 por cento na preferenciais, depois de ter saltado 22,75 por cento na véspera com a notícia de que fechou acordo de renegociação de 75 por cento de sua dívida com bancos comerciais brasileiros, BNDES e debenturistas.
--CPFL ENERGIA subiu 2,4 por cento, na sequência no anúncio de acordo para aquisição da distribuidora gaúcha de eletricidade AES Sul, controlada pela norte-americana AES, por um valor total de cerca de 1,7 bilhão de reais, sujeito a ajustes. A CPFL disse em teleconferência que pretende utilizar recursos de seu caixa para pagar cerca de um terço da aquisição, enquanto o restante do negócio deverá ser financiado junto a um grupo de agentes com os quais a empresa já possui acordo preliminar.
--GOL, fora do Ibovespa, perdeu 2,39 por cento, depois de a companhia aérea estender novamente o prazo de encerramento para a oferta de troca de bônus. Até a véspera, detentores de 135,5 milhões de dólares em bônus da empresa que vencem em 2017, 2020, 2022 e 2023 aceitaram a troca, montante praticamente igual ao da última prorrogação, ocorrida na semana passada.