Governo Temer tem 11,3% de avaliação positiva; 62,4% concordam com afastamento de Dilma, diz CNT/MDA
O governo do presidente interino Michel Temer é avaliado de forma positiva por 11,3 por cento da população, enquanto 28 por cento avaliam a administração dele de forma negativa, de acordo com pesquisa CNT/MDA divulgada nesta quarta-feira.
A primeira pesquisa sobre o governo interino que assumiu em maio, encomendada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), mostrou ainda que 30,2 por cento dos entrevistados consideram o governo interino regular e um grande percentual, 30,5 por cento, não soube avaliar o governo do peemedebista.
Sobre o desempenho pessoal de Temer, o MDA apontou que 33,8 o aprovam, enquanto 40,4 por cento desaprovam e 25,8 por cento não souberam responder.
O levantamento apontou também que 62,4 por cento dos entrevistados consideram correta a decisão do Senado de afastar a presidente Dilma Rousseff do cargo, ao passo que 33 por cento acreditam que ela não deveria ter sido afastada. Mostou ainda que 68,2 por cento acreditam que Dilma será cassada ao final do processo de impeachment, enquanto 25,3 por cento acreditam na volta da petista.
Sobre a legitimidade do processo de impedimento de Dilma, a sondagem apontou que 61,5 por cento o consideram legítimo, ao passo que 33,3 por cento o apontam como ilegítimo.
ELEIÇÃO ANTECIPADA
A pesquisa mostrou ainda que 50,3 por cento dos entrevistados são a favor de antecipar para este ano a eleição presidencial de 2018, enquanto 46,1 por cento consideram que o pleito presidencial não deve ser antecipado.
O MDA também questionou os entrevistados sobre a comparação entre os governo Dilma e Temer no quesito corrupção. Para 46,6 por cento dos entrevistados, a corrupção no governo do presidente interino será igual ao que foi na gestão da presidente afastada. Na avaliação de 28,3 por cento será menor e para 18,6 por cento será maior.
LAVA JATO e 2018
De acordo com o levantamento, Dilma é culpada pela corrupção investigada pela operação Lava Jato para 66,9 por cento, enquanto 29 por cento isenta a presidente afastada. Um percentual maior de entrevistados, 71,4 por cento, responsabiliza o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto 23,4 por cento não o consideram culpado.
Apesar do grande percentual que culpa o ex-presidente pelo esquema de corrupção apurada pela Lava Jato, o ex-presidente aparece à frente em todas as simulações de cenários de primeiro turno para a eleição presidencial marcada para 2018.
Já nas simulações de segundo turno, Lula aparece atrás no cenário contra Marina da Silva (Rede), atrás do senador Aécio Neves (PSDB-MG), mas no limite do empate técnico, e à frente de Temer, também no limite do empate técnico.
Foram ouvidas 2.002 pessoas, em 137 municípios das cinco regiões do país, entre 2 e 5 de junho. Segundo a CNT/MDA, a margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.
Benefício da dúvida é capital político de Temer, por JOSIAS DE SOUZA (UOL)
Decorridos 27 dias de governo, o principal capital político de Michel Temer é o benefício da dúvida. Pesquisa CNT/MDA informa que 30,5% dos brasileiros entrevistados não souberam ou não quiseram avaliar governo interino. Um sinal de que ainda observam a Brasília de Temer com olhos de dúvida.
A gestão Temer obteve taxa de aprovação mixuruca: 11,3%. Praticamente igual aos 11,4% atribuídos ao governo Dilma. Porém, graças aos brasileiros que ainda concedem ao presidente interino o benefício da dúvida, a taxa de reprovação da administração Temer (28%) foi bem menor que a da gestão Dilma (62,4%).
Esses 30,5% de entrevistados que olham par a cena política à procura de elementos que lhes permitam assumir uma posição constituem um capital político volátil. O comportamento de Temer dirá se esse nicho da sociedade será contabilizado nas próximas pesquisas como um ativo do govenro ou um passivo.
De acordo com a mesma pesquisa, 62,4% dos entrevistados avaliam que o afastamento temporário de Dilma da cadeira de presidente foi correto. Mais: 68,2% avaliam que o Senado dirá adeus a Dilma no julgamento final, transformando a interinidade de Temer num governo definitivo.
A lógica indica que, para conquistar os patrícios que ainda olham seu governo de cima do muro, Temer deveria fazer o oposto do que Dilma fez. Numa pergunta mais direta, 54,5% dos entrevistados disseram considerar o desempenho do governo Temer igual ao de Dilma.
Apenas 20,1% dos entrevistados disseram que o governo melhorou. Para 14,9%, piorou. No campo ético, 46,6% acham que a corrupção no governo Temer será igual à praticada sob Dilma.
Temer talvez devesse adotar um lema para seu govenro: na dúvida, faça o contrário do que madame fez. Na economia, responsabilidade fiscal. Na política, honradez. Por ora, há certa distinção na economia. Mas, na política, o governo oferece mais do mesmo: fisiologismo, cinismo e desfaçatez.