Dólar recua quase 1,5% e vai abaixo de R$ 3,55 com fraqueza em emprego nos EUA
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar recuava quase 1,5 por cento e voltava abaixo dos 3,55 reais nesta sexta-feira após a criação de vagas de emprego nos Estados Unidos ficar muito aquém do esperado em maio, enfraquecendo as expectativas de aumento de juros no curto prazo na maior economia do mundo.
Às 10:22, o dólar recuava 1,43 por cento, a 3,5362 reais na venda, após chegar a 3,5274 reais na mínima da sessão.
O dólar futuro caía por volta de 1,6 por cento.
"Tudo sugeria que o Fed podia subir juros muito em breve. Esse dado bate de frente com essa trajetória", disse o economista-chefe da INVX Global Asset Management, Eduardo Velho, referindo-se ao Federal Reserve, banco central dos EUA.
A economia dos EUA criou em maio o menor número de vagas em mais de cinco anos, prejudicada pela greve de funcionários da Verizon e pela queda do emprego no setor de produção de bens. Foram abertas apenas 38 mil vagas no mês passado, contra expectativas de 164 mil vagas em pesquisa da Reuters.
Diversas autoridades do Fed, incluindo a chair Janet Yellen, vinham indicando que estavam confortáveis com aumento os juros talvez até mesmo neste mês. Chances menores de isso acontecer tendem a beneficiar ativos emergentes, que costumam atrair recursos estrangeiros com juros mais altos do que economias desenvolvidas.
O dólar recuou à mínima desde 13 de maio frente a uma cesta de divisas nesta manhã.
Em relação ao cenário local, porém, investidores continuavam cautelosos. Embora venham recebendo bem as sinalizações do governo do presidente interino Michel Temer de austeridade fiscal, temem que ele enfrente dificuldades para avançar com a agenda no Congresso Nacional e ainda esperam mais medidas concretas.
Na véspera, Temer disse em entrevista ao SBT que não descarta recriar a CPMF, mas garantiu que qualquer aumento de impostos, se houver, será temporário.
"O fator local ainda está muito nebuloso, falta clareza. Muito depende da capacidade do governo de consertar as contas públicas e há muitas dúvidas sobre isso", resumiu o superintendente de derivativos de uma gestora de recursos nacional.
O Banco Central ainda não anunciou qualquer intervenção cambial para esta sessão, mantendo-se ausente do mercado pelo terceiro pregão consecutivo.
(Por Bruno Federowski)