Comissão do Impeachment vota nesta sexta admissibilidade do processo contra Dilma Rousseff

Publicado em 06/05/2016 09:02

A Comissão Especial do Impeachment vota nesta sexta-feira (6), a partir das 10h, o relatório do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) que recomenda a admissibilidade do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. A decisão do colegiado seguirá para apreciação do Plenário, que decidirá definitivamente sobre a continuidade do processo e o afastamento temporário da presidente.

A votação conclui o período de 11 dias de trabalho durante os quais a comissão analisou o impeachment. Caso o Plenário decida pelo andamento do processo, o colegiado voltará a se reunir para iniciar a análise do mérito das acusações.

Histórico

O processo de impeachment da presidente Dilma chegou ao Senado no dia 18 de abril, após ser aceito pela Câmara dos Deputados por 367 votos a 137. O documento manifestando a autorização da Câmara foi lido em Plenário no dia seguinte (19), dando início oficial à tramitação no Senado.

Na manhã do dia 19 o presidente da Casa, Renan Calheiros, conduziu reunião com os líderes partidários para combinar detalhes da formação da comissão especial. Ficou decidido que a composição do colegiado seria calculada a partir dos blocos partidários, e não das bancadas de cada legenda. Renan concedeu prazo de 48 horas para que os líderes indicassem os senadores que integrariam a comissão.

Os nomes indicados foram confirmados pelo Plenário, na forma de chapa única, em votação simbólica no início da semana seguinte. O senador Raimundo Lira (PMDB-PB), como membro mais idoso, convocou a reunião de instalação para o dia 26 de abril. Ele também havia sido indicado pelo seu bloco para a presidência da comissão, e seu nome foi bem recebido pelos colegas.

Por outro lado, o destino da relatoria da comissão gerou controvérsia. O Bloco da Oposição (PSDB, DEM e PV), que tinha direito a indicar o relator, decidiu pelo nome do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG). Senadores da base do governo protestaram. Lindbergh Farias (PT-RJ) classificou o ato como uma “provocação”. O líder tucano, Cássio Cunha Lima (PB) rebateu dizendo que a contestação dos governistas era “implicância”.

A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) apresentou questão de ordem contra a indicação de Anastasia, alegando que o pedido de impeachment teve participação do coordenador jurídico nacional do PSDB, o advogado Flavio Henrique Costa Pereira, o que inviabilizaria a relatoria de um membro do partido. O presidente Renan Calheiros remeteu a matéria à comissão especial.

Outra questão de ordem foi apresentada por um grupo de seis senadores, buscando garantir que a análise do impeachment da presidente Dilma ficasse suspensa no Senado até que a Câmara decidisse também sobre um pedido de impedimento apresentado contra o vice-presidente da República, Michel Temer. Essa questão foi rejeitada de imediato por Renan. O grupo era composto pelos senadores Cristovam Buarque (PPS-DF), João Capiberibe (PSB-AP), Lídice da Matta (PSB-BA), Paulo Paim (PT-RS), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Roberto Requião (PMDB-PR) e Walter Pinheiro (sem partido-BA).

Comissão Especial

A Comissão Especial do Impeachment 2016 foi instalada no dia 26 de abril, uma terça-feira, quando Raimundo Lira foi eleito por aclamação como presidente. Ele rejeitou a questão de ordem da senadora Vanessa Grazziotin, argumentando que o coordenador jurídico do PSDB não participava da denúncia como autor.

Na mesma reunião, o senador Antonio Anastasia foi confirmado como relator, por 16 votos a 5. Ele apresentou plano de trabalho, prevendo audiências com os acusadores, o Advogado-Geral da União e especialistas convidados pelos dois lados. Anastasia também marcou para o dia 6 de maio a apresentação do relatório final.

A primeira sessão de debates da comissão especial aconteceu no dia 27. Ao longo de mais de três horas, os senadores falaram das acusações constantes da denúncia contra a presidente Dilma Rousseff.

Audiências

Os autores do pedido de impeachment foram ouvidos no dia 28, em sessão que durou cerca de 9 horas. Os juristas Janaína Paschoal e Miguel Reale Júnior compareceram pessoalmente e apresentaram os argumentos usados para fundamentar a acusação. O terceiro jurista denunciante, Hélio Bicudo, esteve ausente por razões médicas e foi representado pela filha Maria Lúcia. Coube a Janaína responder aos questionamentos dos senadores, pois Reale precisou sair logo após sua fala.

No dia seguinte, 29, foi a vez de a defesa falar à comissão. Além do advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo (que tem feito a defesa da presidente Dilma desde o início do processo), compareceram os ministros da Fazenda, Nelson Barbosa, e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu. Eles buscaram explicar as movimentações econômicas apontadas pelo pedido de impeachment como crimes contra a lei orçamentária, algumas das quais têm relação com o Plano Safra.

Acusação e defesa puderam também convocar especialistas para defender seus pontos de vista. No dia 2 de maio, o procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) Júlio Marcelo de Oliveira, o juiz José Maurício Conti e o advogado Fábio Medina Osório defenderam o ponto de vista de que a presidente Dilma cometeu crimes de responsabilidade. No dia seguinte, compareceram o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Marcello Lavenère e os professores de direito Geraldo Mascarenhas Prado e Ricardo Lodi Ribeiro.

Relatório

O senador Antonio Anastasia apresentou o relatório favorável à recepção do impeachment na quarta-feira (4). No documento, ele considera que todos requisitos legais para a admissibilidade da denúncia estão presentes e que os fatos criminosos que motivam o pedido de impedimento da presidente Dilma Rousseff estão descritos com indícios suficientes.

A leitura do documento durou cerca de três horas e foi precedida da resolução de algumas questões de ordem. Senadores da base do governo voltaram a questionar a parcialidade do relator, e a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) reclamou que Anastasia havia se ausentado temporariamente do plenário da comissão no dia anterior, quando juristas contrários ao impeachment expunham argumentos.

O relatório foi discutido por senadores ao longo de cerca de sete horas na reunião desta quinta-feira (5). Os blocos de Apoio ao Governo (PT e PDT) e Socialismo e Democracia (PSB, PCdoB, PPS e Rede) apresentaram votos em separado, contraditando o texto de Anastasia e rejeitando a admissão do processo de impeachment. O advogado-geral da União foi novamente convidado para uma exposição final antes da votação, e voltou a afirmar que a denúncia é inepta porque não aponta atos da presidente Dilma.

Fonte: Agência Senado

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Cerca de 80 países chegam a acordo sobre comércio eletrônico, mas sem apoio dos EUA
Brasil terá bandeira verde para tarifa de energia em agosto, diz Aneel
Wall Street termina em alta com apoio de dados de inflação e ações de tecnologia
Ibovespa avança mais de 1% impulsionado por Vale e quase zera perda na semana; Usiminas desaba
Dólar acumula alta de quase 1% na semana em que real foi pressionado pelo iene
Podcast Foco no Agronegócio | Olho no mercado | Macroeconomia | Julho 2024