Dólar reduz alta frente ao real após Fed, e com ausência do BC no mercado

Publicado em 27/04/2016 16:01

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar decalerou a alta frente ao real nesta quarta-feira, terceiro dia seguido em que Banco Central não anuncia intervenção no mercado cambial, após o banco central norte-americano não mexer na taxa de juros do país e sinalizar que terá cautela ao aumentá-la.

Os investidores locais continuavam atentos à cena política no Brasil, sobretudo aos próximos passos do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff e formação do eventual governo de Michel Temer.

Às 15:56, o dólar avançava 0,03 por cento, a 3,5203 reais na venda, depois de chegar a 3,5570 reais na máxima do dia. O dólar futuro recuava 0,34 por cento no mesmo horário.

Na véspera, a moeda norte-americana fechou com queda de 0,83 por cento, acumulando perdas de 1,43 por cento em dois pregões e aproximando-se do patamar de 3,50 reais.

Nos Estados Unidos, o Fed manteve a taxa de juros do país nesta tarde entre 0,25 e 0,50 por cento, mas sinalizou confiança na perspectiva econômica do país, deixando a porta aberta para uma alta em junho.

"Como a decisão (do Fed) adia qualquer possibilidade de aumento de juros, o mercado tira aquele peso das costas, porque infelizmente quando houver novos aumentos sabemos que isso vai mexer com o dinheiro no mundo inteiro, e aqui nos emergentes em geral mais ainda", disse o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo.

Pelo terceiro pregão consecutivo, o BC ficou recolhido e não anunciou ações no mercado cambial, pelo menos por enquanto. Desde a semana passada, a autoridade monetária já vinha tirando o pé do acelerador, depois de atuar intensamente no mercado sobretudo por meio de leilões de swaps cambiais reversos, equivalentes a compra futura de dólares.

"A tendência do dólar continua sendo de queda... O mercado está gostando (do cenário político) e o BC está deixando correr", afirmou o gerente de câmbio da corretora Fair, Mario Battistel.

Os investidores continuavam atentos aos próximos passos do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff no Senado, que poderá afastá-la do cargo. Na véspera, o vice Michel Temer afirmou em entrevista ao jornal O Globo que, se assumisse no momento o lugar de Dilma, o ex-presidente do BC Henrique Meirelles seria seu ministro da Fazenda, agradando os mercados financeiros.

A comissão especial do Senado que analisará o impeachment foi instalada na terça-feira com a eleição de Raimundo Lira (PMDB-PB) para a presidência e do tucano Antonio Anastasia (MG) para a relatoria, votação que deixou explícita a fragilidade governista no colegiado. O plenário do Senado deve votar o afastamento temporário de Dilma no dia 11 de maio e, se confirmado, Temer assume o comando do país.

(Por Patrícia Duarte)

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Cerca de 80 países chegam a acordo sobre comércio eletrônico, mas sem apoio dos EUA
Brasil terá bandeira verde para tarifa de energia em agosto, diz Aneel
Wall Street termina em alta com apoio de dados de inflação e ações de tecnologia
Ibovespa avança mais de 1% impulsionado por Vale e quase zera perda na semana; Usiminas desaba
Dólar acumula alta de quase 1% na semana em que real foi pressionado pelo iene
Podcast Foco no Agronegócio | Olho no mercado | Macroeconomia | Julho 2024