Dólar sobe 1,86% e encosta em R$ 3,70 por incerteza política e exterior
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em alta de quase 2 por cento, aproximando-se de 3,70 reais nesta terça-feira, em meio à crescente incerteza em relação ao processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff e ao ambiente de aversão a risco nos mercados globais.
O dólar avançou 1,86 por cento, a 3,6810 reais na venda, após atingir 3,6862 reais na máxima da sessão. A moeda norte-americana acumulou alta de 3,32 por cento em dois dias.
O dólar futuro subia cerca de 1,60 por cento no fim da tarde.
"O mercado está questionando um pouco aquele otimismo exacerbado das últimas semanas, colocando mais incerteza na conta", disse o operador da corretora B&T Marcos Trabbold.
Após semanas de euforia com a perspectiva de troca no governo --algo que muitos operadores avaliam como primeiro passo na retomada da confiança--, parte do mercado passou a adotar estratégias mais cautelosas nos últimos dias em meio ao noticiário político intenso.
Entre as novidades, esteve o ministro Marco Aurélio de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinando que a Câmara dos Deputados instale uma comissão especial para analisar pedido de impeachment contra o vice-presidente Michel Temer.
Pela manhã, Temer licenciou-se da presidência do PMDB, legenda que rompeu com o governo na semana passada. Segundo sua assessoria de imprensa, a presidência do partido será ocupada interinamente pelo senador Romero Jucá (RR).
Ainda assim, as avaliações eram de que a presidente Dilma não conseguirá concluir seu mandato. Analistas da consultoria de risco político Eurasia mantiveram estimativa de probabilidade de 75 por cento de Dilma sair do comando do país.
O dólar também ganhava força contra as principais moedas emergentes nesta sessão, fruto de expectativas de altas de juros nos Estados Unidos neste ano. "Há um cheiro de aversão a risco nos mercados", escreveram analistas do Scotiabank em nota a clientes.
Mesmo com a pressão de alta vista nesta sessão, o Banco Central brasileiro vendeu a oferta total de até 5.960 contratos de swap reverso, que equivalem a compra futura de dólar, em leilão nesta sessão. O lote ofertado, porém, foi menor do que nas operações desse tipo conduzida nos últimos dias.
O BC vendeu também novamente a oferta integral de até 5.500 contratos em leilão de rolagem dos swaps tradicionais, que equivalem à venda futura de dólares. Com isso, repôs 804,2 milhões de dólares, ou cerca de 8 por cento do lote do mês que vem, que corresponde a 10,385 bilhões de dólares.