Ibovespa fecha em queda de 3,5% com tombo em Petrobras; cena política e exterior pesam
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - A Bovespa fechou em queda nesta segunda-feira, pressionada particularmente pelo tombo das ações da Petrobras, na esteira de notícias sobre eventual redução nos preços de combustíveis pela estatal e do recuo das cotações do petróleo no exterior.
O quadro político nebuloso no país, principalmente no que diz respeito ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, e a fraqueza em Wall Street endossaram o tom negativo que prevaleceu no primeiro pregão da semana.
O Ibovespa caiu 3,52 por cento, a 48.779 pontos, a maior queda percentual diária desde 15 de março. Apenas duas ações das 61 listadas no índice encerraram no azul.
O giro financeiro da sessão somou apenas 5,46 bilhões de reais, ante média diária de 9,2 bilhões de reais em março, embora os últimos pregões do mês passado também tenham mostrado arrefecimento no ritmo de negócios.
"As incertezas na política geram cautela, principalmente quando ainda não se tem uma clareza do posicionamento dos deputados sobre o processo (de impeachment)", disse a Guide Investimentos em nota a clientes.
O Ibovespa valorizou-se 17 por cento em março, na esteira da melhora na percepção sobre mercados emergentes combinada com apostas crescentes em um desfecho desfavorável ao governo no processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.
O efeito menos nocivo que o esperado na base aliada após desembarque do PMDB e notícias de algum sucesso na articulação política do governo em busca de apoio contra o impeachment com oferta de cargos abrandaram "certezas" sobre o processo.
Profissionais do mercado financeiro são unânimes em apontar manutenção da volatilidade nos negócios até que o cenário político no país se estabilize.
Nota a clientes do Itaú BBA sobre o movimento de sua mesa institucional nesta sessão citou fluxo negativo principalmente de estrangeiros no meio da sessão.
No mês passado, os estrangeiros voltaram a elevar sua fatia no volume negociado na bolsa, o que se refletiu no saldo externo de 8,39 bilhões de reais, melhor resultado da série histórica da BM&FBovespa iniciada em 2000.
DESTAQUES
- PETROBRAS fechou com as preferenciais em queda de 9,33 por cento, em meio à reação negativa de investidores a notícias sobre possível corte nos preços da gasolina e do diesel pela companhia, além do declínio dos preços do petróleo no mercado externo.
- COSAN fechou em baixa de 7,82 por cento, maior declínio percentual diário desde agosto de 2011, uma vez que ações do setor de açúcar e etanol sofreriam um impacto negativo com eventual queda nos preços de gasolina e diesel.
- BRASKEM caiu 7,94 por cento, para 22,25 reais, mínima desde novembro de 2015, com o papel afetado por expectativas ligadas a potenciais ações de sua controladora, a Odebrecht, que negocia acordo com o Controladoria-Geral da União (CGU) em razão de investigações no âmbito da operação Lava Jato.
- BANCO DO BRASIL caiu 5,67 por cento, liderando as perdas no setor bancário no Ibovespa, contaminado pela cena política. ITAÚ UNIBANCO e BRADESCO caíram 3,5 e 3,66 por cento, respectivamente.
- VALE perdeu 4,72 por cento, após ensaiar alta nos primeiros negócios, contaminada pelo declínio de commodities e tom negativo no pregão como um todo.
- USIMINAS fechou com um tombo de 7,82 por cento. Nesta sessão a Moody's cortou o rating da companhia para Ca. O dia também foi de correção no setor como um todo após fortes ganhos em março. GERDAU cedeu 7,86 por cento.
- FIBRIA subiu 2,35 por cento, entre as poucas altas, ajudada pelo avanço do dólar frente ao real.
(Por Paula Arend Laier)