Grandes empresas do Agro determinam posição de associações em relação ao impeachment
O agronegócio se posiciona cada vez mais a favor do impeachment de Dilma Rousseff.
Em anúncio publicado na edição desta terça-feira (29) da Folha, 408 entidades manifestaram-se a favor da saída da presidente.
Dessas, 72 são ligadas ao agronegócio, a maioria com abrangências regionais.
Na lista das entidades ligadas a esse setor há ausência, no entanto, das grandes associações.
Ligadas à compra, ao processamento e à exportação de grãos, de carnes, de café e de outros produtos essenciais ao agronegócio brasileiro, essas entidades de peso foram consultadas, mas boa parte declinou da participação na lista.
Não falam abertamente, mas os motivos são diversos. Vão desde a dificuldade de um consenso entre as grandes empresas que fazem parte dessas associações até a consulta que muitas delas têm de fazer às matrizes no exterior.
O peso das grandes empresas do setor é, com certeza, um dos principais motivos de essas associações não participarem de manifestações a favor ou contra o impeachment, segundo explica um executivo de uma delas.
Também não faltaram motivos técnicos para a ausência na manifestação: um dos diretores consultados, por exemplo, afirmou ser importante manter a atual ministra da Agricultura, Kátia Abreu, conhecedora do setor. Fiel seguidora da presidente Dilma, a ministra, no entanto, pode perder o cargo no ministério devido à saída do PMDB -partido ao qual pertence- da base do governo.
O diretor-executivo de outra entidade diz que a relação do setor é feita diretamente com o Ministério da Agricultura, em que as coisas andam e são resolvidas.
Tecnicamente, o cenário é bom na agricultura, mas essa junção de crises econômica e política traz incertezas também para o agronegócio.
Algumas das principais entidades do país dizem que é difícil a adesão a essas manifestações devido à abrangência nacional das entidades. Cada uma delas pode ser afetada de forma diferente pela crise atual em suas regiões de atuação, segundo ele.
Há um consenso, no entanto, de que a condução econômica errada do governo começa a trazer sérios problemas para o setor, principalmente na área de custos.
Um representante do setor de carnes diz que o foco das empresas deve ser o mercado, e não fazer política.
Mas, apesar dessa dificuldade de uma tomada de posição conjunta das associações, a opinião de cada empresa pende cada vez mais para o impeachment. Uma das associações do setor de grãos afirmou que a possibilidade de impeachment não chegou a ser avaliada pelo seu conselho. Se tivesse sido, é provável que a entidade tivesse se manifestado a favor.
Kátia Abreu cria crise política ao dizer no Twitter que seguirá no governo e no PMDB.
A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, afirmou nesta quarta-feira em sua conta no Twitter que seguirá no cargo e no PMDB, um dia depois de o partido anunciar o rompimento com o governo da presidente Dilma Rousseff e a entrega dos cargos na administração federal.
"Continuaremos no governo e no PMDB", escreveu a ministra, sem dar detalhes se estava se referindo aos outros cinco peemedebistas que ocupam ministérios no governo Dilma. "Deixamos a presidente à vontade caso ela necessite de espaço para recompor sua base", acrescentou.
(Por Eduardo Simões, em São Paulo)
Twitter oficial da Ministra da Agricultura Kátia Abreu
Kátia Abreu diz em mensagem estar à disposição de Dilma
A ministra Kátia Abreu (Agricultura) foi flagrada nesta quarta-feira (30), durante a cerimônia de lançamento da terceira fase do programa Minha Casa Minha Vida, no Palácio do Planalto, enviando mensagens nas quais afirma que ela e os outros cinco ministros do PMDB decidiram não deixar seus cargos no governo Dilma Rousseff.
No texto, ela afirma que a decisão foi tomada "ontem a noite" e cita o local: "casa de Renan", numa referência à residência oficial do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Segundo a FOLHA, a ministra informou seu interlocutor que a decisão foi tomada na casa de Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado. Nesta terça-feira, Renan Calheiros, que já havia sediado a reunião que selou a estratégia de o partido deixar, por aclamação, a base de apoio do governo petista, recebeu os ministros Eduardo Braga (Minas e Energia), Kátia Abreu (Agricultura), Marcelo Castro (Saúde) e Helder Barbalho (Portos) para discutir como eles poderiam burlar a regra estabelecida pelo PMDB de deixar os cargos de confiança do governo.gionários se licenciarão da legenda em "respeito à decisão aprovada".
O único que deve ficar fora do governo é Henrique Eduardo Alves, que já havia oficializado sua saída do Ministério do Turismo no último dia 28.
Leia a notícia na íntegra no site da Folha
(O GLOBO): Ministros não poderão pedir licença para burlar decisão do PMDB
Todas as hipóteses de reações dos ministros, inclusive a da licença, foram examinadas minuciosamente pela assessoria jurídica do partido.
Existe licença para o filiado cuidar de outras atividades que não firam o regimento do partido. Esse caso aventado por Kátia Abreu vai justamente de encontro contra o regimento.
Kátia Abreu propõe isenção de PIS/COFINS para importação de milho
A ministra Kátia Abreu (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) enviou ao Ministério da Fazenda proposta de isenção do PIS/COFINS para a importação de milho. Segundo ela, a medida é necessária devido ao aumento das exportações brasileiras do grão. Por isso, há necessidade de incentivar a importação para abastecer o mercado interno, a fim de não encarecer os custos de produção das carnes suína e de aves, já que o milho é a base na alimentação dos animais.
“O preço de paridade de exportação do milho exerce pressão no preço interno que, aliado à dificuldade do setor produtivo de carne em repassar os acréscimos de custos ao consumidor, recrudesce este cenário”, ressalta a ministra no documento, protocolado nessa quarta-feira (29) no Ministério da Fazenda.
Kátia Abreu salienta que a incidência de PIS/COFINS nas importações onera o custo do grão e tem reflexo na formação de preços regionais. Diante disso, considera importante a isenção desses tributos como forma de melhorar o equilíbrio na rentabilidade das cadeias produtivas de carnes e ovos.
O secretário de Política Agrícola do Mapa, André Nassar, reforça a proposta da ministra. “Apesar de não haver problemas de abastecimento nacional, hoje há excedente de milho apenas no Paraná, na Região Centro-Oeste e em algumas áreas de Minas Gerais”.