Bovespa tem 3ª alta seguida com cena externa favorável, mas incertezas políticas limitam avanço

Publicado em 30/03/2016 17:13

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da Bovespa fechou em alta pelo terceiro pregão seguido nesta quarta-feira, beneficiado por ganhos em Wall Street, mas o cenário político doméstico nebuloso abriu espaço para alguma realização de lucros e limitou os ganhos.

O Ibovespa subiu 0,18 por cento, a 51.249 pontos, maior patamar de fechamento desde julho de 2015. Na máxima do dia, subiu mais de 2 por cento, e chegou a 52.261 pontos.

O volume financeiro no pregão somou 7,83 bilhões de reais.

A XP Investimentos destacou em nota a clientes que, se o tom dos parlamentares pró-impeachment era triunfalista na véspera, nesta sessão a cautela predominou.

"Cresce aqui a avaliação de que a reunião do PMDB ontem não teve o efeito esperado. Ao não conseguir influenciar outros partidos a desembarcar do governo, o PMDB acabou na prática oferecendo ao Palácio do Planalto mais prazo para tentar adquirir aliados com blocos inteiros de bancadas, ou ao menos com parte delas, especialmente PP, PSD e PR", disse a corretora na nota.

A XP Investimentos disse ainda ser grande o ceticismo quanto à capacidade de o governo tomar decisões, negociar e efetivar isso em poucos dias.

Em nota a clientes, a equipe da mesa da corretora do Bank of America Merrill Lynch destacou que espera volatilidade expressiva na Bovespa nas próximas duas semanas e meia, quanto se espera que o pedido de impeachment seja encaminhado para votação no plenário da Câmara.

No exterior, o tom cauteloso do discurso na véspera da chair do Federal Reserve, Janet Yellen, em relação aos juros ainda deu suporte às bolsas norte-americanas. O índice S&P 500 fechou com acréscimo de 0,44 por cento.

DESTAQUES

- PETROBRAS fechou com as preferenciais em queda de 0,59 por cento, revertendo alta verificada na maior parte da sessão, conforme o petróleo perdeu o fôlego e por expectativas atreladas ao cenário político nacional. O Itaú BBA incluiu os papéis em sua "Brazil Buy List".

- VALE encerrou com as preferenciais com ganho de 3,54 por cento, apesar da queda dos preços à vista do minério de ferro na China, acompanhando o desempenho de mineradoras no exterior.

- GERDAU saltou 10,86 por cento, no melhor desempenho do Ibovespa, após o BofA ML elevar a recomendação do papel para "compra", com profissionais da área de renda variável citando ainda cobertura de posições vendidas.

- KROTON subiu 2,11 por cento, após mudança na regra sobre redistribuição de vagas remanescentes do processo seletivo do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). ESTÁCIO subiu 3,54 por cento.

- QUALICORP avançou 4,37 por cento, em meio à repercussão do resultado trimestral, que mostrou lucro líquido de 61,4 milhões de reais para a administradora de planos de saúde, mais que o triplo do resultado do mesmo período do ano anterior.

- RUMO LOGÍSTICA caiu cerca de 8 por cento, na mínima da sessão, revertendo os ganhos da abertura, conforme o papel segue sensível a expectativas ligadas à reestruturação de dívida da empresa. O papel ainda acumula em março alta ao redor de 25 por cento.

- GOL, que não está no Ibovespa, perdeu 9,48 por cento, após divulgar prejuízo líquido de 1,13 bilhão de reais no quarto trimestre, influenciado por menores receitas e maiores custos, e revisar projeção na oferta em 2016. O presidente da empresa, Paulo Kakinoff, disse que a companhia não enfrenta risco de insolvência no curto prazo, mas está buscando renegociar suas dívidas devido a preocupações de médio e longo prazos.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Cerca de 80 países chegam a acordo sobre comércio eletrônico, mas sem apoio dos EUA
Brasil terá bandeira verde para tarifa de energia em agosto, diz Aneel
Wall Street termina em alta com apoio de dados de inflação e ações de tecnologia
Ibovespa avança mais de 1% impulsionado por Vale e quase zera perda na semana; Usiminas desaba
Dólar acumula alta de quase 1% na semana em que real foi pressionado pelo iene
Podcast Foco no Agronegócio | Olho no mercado | Macroeconomia | Julho 2024