Dólar cai 0,47% e se aproxima de R$ 3,60, com BC e cenário externo
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em queda e voltou a se aproximar dos 3,60 reais nesta quarta-feira, influenciado pela atuação contida do Banco Central no câmbio e por menores expectativas de aumentos de juros nos Estados Unidos.
O dólar recuou 0,47 por cento, a 3,6209 reais na venda, após recuar mais de 1 por cento e atingir 3,5986 reais na mínima do dia.
"O mercado está com fome para vender dólar e hoje não faltou motivo", disse o operador da corretora B&T Marcos Trabbold.
O BC vendeu apenas 3 mil swaps reversos, equivalentes a compra futura de dólares, da oferta de até 20 mil contratos nesta manhã, mesmo com a pressão de baixa sobre o dólar.
A estratégia da autoridade monetária vem confundindo alguns operadores, em meio a especulações de que poderia ter como objetivo evitar que a moeda norte-americana recue muito para proteger exportadores e, assim, as contas externas do país.
O mercado também espera qual será a estratégia do BC para a rolagem dos swaps tradicionais --equivalentes a venda futura de dólares-- que vencem em maio, correspondentes a 10,385 bilhões de dólares. O BC rolou apenas cerca de 67 por cento do lote de abril, após promover sete rolagens integrais consecutivas.
"Não dá para entender muito bem as intenções do BC, então o mercado vai continuar testando (cotações mais baixas)", disse o operador de um banco internacional.
A queda do dólar nesta sessão veio também em sintonia com os mercados externos, onde continuavam repercutindo declarações da véspera da chair do Federal Reserve, Janet Yellen, de que o banco central norte-americano deve adotar cautela para elevar os juros.
Eventual demora do Fed para apertar de novo a política monetária beneficiaria moedas emergentes, que oferecem rendimentos financeiros elevados.
A queda da moeda norte-americana perdeu um pouco de fôlego durante a tarde, com investidores adotando um pouco mais de cautela em relação à perspectiva de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Muitos operadores avaliam que eventual troca no governo poderia ajudar a recuperação econômica, embora alguns ressaltem que o quadro de incertezas políticas gere entraves à confiança.
"A verdade é que não dá para ter muitas certezas com o noticiário político tão intenso", disse o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado.
(Por Bruno Federowski)