Movimento Brasil Livre faz campanha contra Marina Silva

Publicado em 29/03/2016 17:11
Folha de S. Paulo + Datafolha

O MBL (Movimento Brasil Livre) criticou nesta terça-feira (29), em seu perfil no Facebook, a candidata derrotada em 2014 e presidente do partido Rede, Marina Silva.

"A gente não fez tudo isso para você ir lá e votar na Marina em 2018", diz o texto do post, com uma imagem de manifestantes vestidos de verde e amarelo. "Marina, gente? Sério?"

Entre os internautas, o comentário mais curtido até o momento é favorável ao deputado federal Jair Bolsonaro. "Nada de Marina. É Bolsonaro pra 2018!", diz.

Na madrugada desta terça (29), foi ao ar no "Programa do Jô" entrevista com Marina. A ex-senadora defendeu que, em caso de cassação pelo TSE, sejam comprometidos tanto a presidente quanto o vice, Michel Temer. E propôs como solução para a crise política e econômica a convocação de novas eleições, pois ambos estavam implicados na mesma campanha.

Também nesta terça, o colunista da Folha e coordenador do MBL, Kim Kataguiri, criticou a Marina em sua coluna.

 

Pesquisa Datafolha mostra Marina à frente em todos os cenários para 2018

A ex-senadora Marina Silva (Rede) lidera numericamente as intenções de voto para a Presidência da República em 2018 e tem entre 21% e 24% das intenções de voto, dependendo de quem for o candidato do PSDB. (Pesquisa DATAFOLHA em 19/03/2016).

Marina, o senador Aécio Neves (PSDB) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) são os nomes mais citados para a eleição de 2018, segundo pesquisa Datafolha feita em 17 e 18 de março.

Considerando a margem de erro do levantamento, de dois pontos percentuais para mais ou para menos, os três aparecem empatados quando confrontados entre si.

Entre a pesquisa realizada em fevereiro e a da semana passada, o ex-presidente Lula é quem mais sofreu com o cenário político do país.

Em todas as simulações em que a disputa envolve Marina e um tucano (seja Aécio, o governador Geraldo Alckmin ou o senador José Serra), Lula perdeu pontos além da margem de erro, na comparação com a pesquisa anterior.

Contra Alckmin e Serra, Lula ainda ficaria em segundo lugar, mas o ex-presidente cai para a terceira posição em um eventual confronto com Marina e Aécio Neves. Neste cenário, Lula aparece com 17%, Marina com 21% e Aécio com 19%.

Mas é o senador mineiro quem mais perdeu pontos nesta mesma simulação, caindo de 24% das intenções de votos em fevereiro para 19% agora. Em dezembro do ano passado, ele chegou a ter 27% das intenções de voto.

Em delação premiada tornada pública na semana passada, o senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS) disse que Aécio recebeu propina de Furnas.

Na semana passada, em entrevista à rádio Jovem Pan, Marina Silva criticou a nomeação de Lula para a Casa Civil de Dilma Rousseff. Ela disse considerar a decisão um ato "paliativo" em meio a uma "crise sem precedentes".

"É como se o governo da presidente Dilma não caísse porque não tem para onde cair", afirmou a ex-senadora.

SERGIO MORO

Saudado nos protestos pró-impeachment do dia 13, o juiz Sergio Moro, da Operação Lava Jato, foi incluído pelo Datafolha pela primeira vez na pesquisa de intenção de voto para 2018.

No cenário em que foi testado, Moro ficou em 4º lugar, com 8% –atrás de Marina, Lula e Aécio, e à frente de nomes como Serra, Bolsonaro e Alckmin.

 

PT criticava no julgamento de Collor o fisiologismo, ressuscitado sob Dilma, por JOSIAS DE SOUZA (uol)

Incorporado à base congressual dos governos petistas desde a gestão Lula, Fernando Collor foi alvo de ataques implacáveis do PT durante a tramitação do processo de impeachment que o arrancou do Planalto em 1992. As críticas eram mais ácidas quando se referiam à principal arma de resistência de Collor: o fisiologismo. Decorridos quase 24 anos, Dilma lança mão da mesma artilharia para tentar salvar o seu mandato. A diferença é que, agora, o PT já não acha o fisiologismo tão execrável.

“Não devemos dar como ganha a batalha do impeachment, porque o governo não vacila em reunir ao seu redor o núcleo fisiológico e corrupto que sempre o sustentou, utilizando-se de verbas, cargos e Ministérios para conseguir 168 votos nesta Casa e arquivar o pedido de impeachment”, discursou o então deputado José Dirceu (PT-SP), do alto da tribuna da Câmara, em 1º de setembro de 1992.

Hoje, Dilma precisa de 172 votos para barrar o seu impedimento. No esforço para obtê-los, radicalizou a tática do fisiologismo. Já não negocia apenas com as cúpulas partidárias. Abriu um varejão em que as emendas orçamentárias e os cargos são ofertados em negociações individuais. Estima-se que o rompimento do PMDB com o governo, formalizado nesta terça-feira, levará para esse balcão algo como 500 cargos federais. Uma farra.

Preso em Curitiba, o Dirceu de hoje talvez tenha saudades do deputado combativo que foi em 1992. “O presidente mente ao país, devendo, por isso, responder por crime de responsabilidade”, dizia o ex-Dirceu. “É urgente que o presidente da República seja afastado do seu cargo pela Câmara dos Deputados e julgado pelo Senado Federal. Só assim poderemos recompor a unidade político-partidária e as funções político-administrativas do governo.”

Imaginava-se que o impeachment de Collor e a posse de Itamar Franco —o Michel Temer daquela época— entrariam para a história como marcos redentores da política nacional. Mas deu tudo errado. Hoje, suprema ironia, Dirceu e Collor coabitam o mesmo escândalo. Patronos de algumas das nomeações de petrogatunos efetivadas no governo Lula, os dois são protagonistas do petrolão. Uma evidência de que, com o tempo, o vocábulo governabilidade, cultuado por todos os governos do Brasil pós-redemocratização, tornou-se um abracadabra para a caverna de Ali-Babá.

Na mesma sessão do dia 1º de setembro de 1992, discursou o então deputado José Genoino (PT-SP). Ele ecoou o companheiro Dirceu, carregando nas tintas morais: “A sociedade tem de optar entre os que querem acabar com a impunidade e os que querem que ela continue prosperando debaixo dos conchavos, das negociatas que levaram o país a esta decadência ética e moral.”

Genoino é, hoje, um ex-integrante da bancada do PT na penitenciária da Papuda. Trancado nos rancores que colecionou durante o processo do mensalão, tornou-se um ex-deputado recluso. Naquela época, ele dava as mãos ao asfalto: “Aqueles que querem fazer a cirurgia, independentemente de partido, têm de se juntar aqui dentro e nas ruas, para que a sociedade brasileira, que espera uma solução democrática e constitucional para esta crise, não venha a frustrar-se. Se a esperança desta juventude, que brotou das ruas, for sacrificada por algum jeitinho para manter este governo, estaremos sacrificando uma geração, estaremos sacrificando uma possibilidade histórica neste país.”

Na sessão de 22 de setembro de 1992, outro petista de mostruário, Paulo Rocha (PT-PA), escalou a tribuna da Câmara para metralhar a tática fisiológica de Collor: “…Os governistas continuam apostando na compra de votos, através da distribuição de recursos da União a fundo perdido e da intermediação de verbas a Parlamentares, para a rejeição do impeachment. Não podemos nos calar diante desse vergonhoso saque nas instituições públicas, dentro da lógica mais espúria do fisiologismo.”

Dias antes, em 9 de setembro, Paulo Rocha, hoje um membro da bancada de senadores do PT, pedia pressa no julgamento de Collor: “…Este Congresso não pode mais esperar. O povo brasileiro está impaciente, angustiado, porque, além da crise política, está passando, por uma situação difícil. Os mais pobres estão em desespero.''

O Brasil retratado no discurso de Paulo Rocha também arrostava problemas econômicos: “…O país está parado. Qual a perspectiva de futuro para o nosso país? Qual a resposta das instituições brasileiras para a situação do Brasil? A resposta está aqui, no Congresso Nacional, em nossas mãos. […] Só aqueles que vivem do favorecimento, só aqueles que vivem mamando nas tetas da coisa pública, insensíveis, desonrados, traidores, não escutam o clamor da sociedade. Portanto, urge que este Congresso dê ao Brasil uma resposta política para as crises econômica e social. E, mais ainda, que dê uma resposta aos anseios da sociedade pela volta da moralidade na administração pública…”

A exemplo de Dilma, Collor também acusava os partidários do impeachment de golpistas. Dizia que eles integravam um “sindicato do golpe”. Na mesma sessão do dia 9 de setembro de 1992, o petismo contou com a ajuda de um velho aliado, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), para se contrapor à pregação de Collor.

Aldo, hoje ministro da Defesa de Dilma, realçou na época que o processo de impeachment guiava-se pela Constituição. E lembrou que o texto constitucional é especialmente generoso com o acusado: “Quanto ao prazo para o direito de defesa do presidente da República, está este mais do que assegurado. Querem melhor proteção, querem mais democracia, querem mais direito de defesa do que esta Casa precisar de dois terços de seus votos para autorizar processo contra um corrupto? Para que mais proteção? Para que mais democracia? Para que mais direito de defesa? Para garantir a absolvição de um cidadão evidentemente envolvido em falcatruas?”, indagou Aldo.

Ele prosseguiu: “Os senhores precisam de apenas um terço para negar e nós precisamos de dois terços dos votos desta Casa para autorizar o Senado Federal a processar o Presidente da República. Então, que se calem essas vozes da inquietude da intranquilidade, porque democracia aqui existe e está assegurada pelo quórum e pelo supremo direito de defesa que esta Casa e o Senado Federal haverão de assegurar ao Excelentíssimo senhor presidente Collor de Mello.”

Também presente à sessão, José Dirceu deu de ombros para os que enxergavam golpe no impeachment: “…Se querem protestar, que protestem contra a Constituição e contra o constituinte que estabeleceu apenas a autorização para esta Casa. Além disso, o senhor presidente da República tem o direito da defesa prévia na admissibilidade. E esta Casa, também com base na Constituição de 1988, concedeu ao presidente Fernando Collor um direito que presidente de país nenhum tem: Sua Excelência só poderá ser processado e julgado pelo Senado da República depois da autorização de um quórum ultraqualificado de dois terços de Deputados.”

Oito dias antes, José Genoino soara ainda mais peremptório no plenário da Câmara: “Está provado que aquele que se elege não está acima das leis e da Constituição; se cometer crimes contra a lei ou a Constituição, aqueles que o elegeram podem lhe tirar o mandato.”

 

Atração irresistível, editorial da FOLHA

Na política, poucas forças são tão decisivas quanto a atração exercida pela perspectiva de poder –e poucos partidos terão se revelado tão sensíveis a ela quanto o PMDB.

Governista por excelência, a legenda deve sacramentar nesta terça (29) a decisão de romper seu contrato com o PT e abandonar os cargos que ocupa na esfera federal. A hipótese não é inédita; em muitas outras ocasiões o PMDB aventou essa possibilidade, mas se tratava apenas de estratégia para abocanhar nacos maiores do Orçamento.

Desta vez, como se sabe, há em jogo muito mais que uma reles ameaça. Ninguém imagina que, após tanto alarde nos últimos dias, a sigla do vice-presidente Michel Temer venha a tomar uma atitude que não seja o desembarque.

Pior para a presidente Dilma Rousseff (PT), deve configurar-se uma talvez inédita unanimidade numa agremiação historicamente conhecida pelas divisões internas. A perspectiva de poder não deixou incólumes aqueles que mantinham laços com o Palácio do Planalto.

Que esse seja o cenário, e que o próprio governo Dilma trabalhe com ele, dá uma ideia precisa de quanto o PMDB considera provável o impeachment da presidente. O partido jamais arriscaria todas as suas fichas se não se julgasse franco favorito na aposta.

Também pudera. Articulado por Temer –ironicamente, o único peemedebista que não entregará seu cargo–, o rompimento por aclamação produzirá consequências em diversas outras agremiações.

Está à vista de todos o que aliados de Dilma têm chamado de "efeito manada". Legendas como PP, PR e PSD dificilmente resistirão à atração que o PMDB passará a exercer. Juntas, elas somam 121 deputados federais, número suficiente para fazer a diferença na votação do impeachment.

Contam-se hoje 152 deputados favoráveis ao afastamento da presidente. Acrescidos de 69 peemedebistas e de 121 daquela trinca partidária, montam a 342, exatamente o mínimo necessário para aprovar o processo na Câmara e enviá-lo para apreciação do Senado. Isso, bem entendido, se todos dessas siglas atuarem em uníssono.

A fim de barrar tal unidade, o Planalto usará contra o PMDB os cargos que este deixará vagos. Seriam quase 500 postos à disposição para futuras negociações com o governo petista –caso este sobreviva ao impeachment, naturalmente.

Em 1992, o presidente Fernando Collor, então no PRN, adotou a mesma estratégia dias antes de o plenário da Câmara tomar sua decisão. A história é conhecida.

Pouco importa quem segura a caneta hoje; para a maioria dos deputados, interessa apenas quem poderá assinar decretos amanhã. O PMDB tem certeza de que ela não estará nas mãos de Dilma Rousseff.

 

 

Fonte: Folha de S. Paulo

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