Dólar sobe 0,34% com BC, mas ainda abaixo de R$ 3,65 com Yellen e PMDB
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em alta frente ao real nesta terça-feira, sustentado pela atuação do Banco Central, mas terminou o dia longe das máximas e abaixo de 3,65 reais devido a menores expectativas de altas de juros nos Estados Unidos e após a oficialização do rompimento do PMDB com o governo.
O dólar avançou 0,34 por cento, a 3,6379 reais na venda, após atingir 3,6774 reais na máxima do dia. A moeda norte-americana havia recuado 1,51 por cento na véspera em antecipação ao desembarque do maior partido da base aliada.
"O BC está sinalizando que quer conter a desvalorização do dólar, que vai agir quando o dólar cair demais", disse mais cedo o operador da corretora Correparti Ricardo Gomes da Silva, ressaltando que a fraqueza da moeda dos EUA tende a prejudicar exportadores brasileiros.
A moeda norte-americana já abriu em alta frente ao real após o BC anunciar leilão de swap cambial reverso, equivalente a compra futura de dólares, para esta sessão. Trata-se da quinta operação desse tipo neste mês, ferramenta que não era utilizada há três anos.
Pela manhã, a autoridade monetária vendeu 19.520 contratos dos 20.000 ofertados, impulsionando o dólar às máximas do dia.
O BC também não anunciou para esta sessão leilão de rolagem de swaps tradicionais, que equivalem a venda futura de dólares e que vão vencer em abril. Se não voltar a rolá-los, terá reposto de 67 por cento do lote total, correspondente a 10,092 bilhões de dólares, depois de promover sete rolagens integrais consecutivas.
No início da tarde, porém, a moeda norte-americana passou a reduzir os ganhos após discurso da chair do Federal Reserve, Janet Yellen, de que os riscos globais não devem ter impacto profundo sobre os EUA mas ainda é apropriado proceder "cautelosamente" ao aumentar os juros.
"Yellen usou um tom mais prudente do que o mercado esperava e isso ajuda o real", disse o operador da corretora Intercam Glauber Romano.
O Fed vinha sinalizando que pretende promover pelo menos dois aumentos de juros neste ano, o que reduziria a atratividade de ativos emergentes. A esse respeito, Yellen disse que a projeção não é um "plano", mas depende da evolução da economia.
A moeda norte-americana reduziu ainda mais os ganhos após o PMDB oficializar seu rompimento com o governo, perspectiva que vinha contribuindo para a queda do dólar frente ao real nas últimas semanas.
Muitos operadores entendem que a saída do PMDB aumenta as chances do impeachment da presidente Dilma Rousseff. Essa perspectiva é vista com bons olhos por muitos investidores, mas alguns ressaltam que as turbulências políticas tendem a afetar a confiança.