Dólar reduz alta sobre o real após Yellen indicar cautela; BC sustenta cotações
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar reduziu a alta frente ao real após a chair do Federal Reserve, Janet Yellen, afirmar que o banco central dos Estados Unidos deve prosseguir "cautelosamente", enfraquecendo as expectativas de aumentos dos juros norte-americanos.
Ainda assim, a moeda norte-americana continuava em alta e na casa dos 3,65 reais, após o Banco Central brasileiro atuar para sustentar as cotações. O movimento do câmbio vinha também antes da reunião do PMDB que vai decidir pelo rompimento com o governo.
Às 13:45, o dólar avançava 0,72 por cento, a 3,6517 reais na venda, após atingir 3,6774 reais na máxima do dia. A moeda norte-americana recuou 1,51 por cento na sessão passada em antecipação ao desembarque do maior partido da base aliada.
"Yellen usou um tom mais prudente do que o mercado esperava e isso ajuda o real", disse o operador da corretora Intercam Glauber Romano.
Em evento em Nova York, Yellen disse que os riscos globais não devem ter impacto profundo sobre os EUA mas ainda é apropriado proceder "cautelosamente" ao aumentar os juros.
O Fed vem sinalizando que pretende promover pelo menos dois aumentos de juros neste ano, o que reduziria a atratividade de ativos emergentes. A esse respeito, Yellen disse que a projeção não é um "plano", mas depende da evolução da economia.
O dólar chegou a subir com força mais cedo, após o BC vender 19.520 contratos de swap reverso, que equivalem a compra futura de dólares, dos 20.000 ofertados em leilão nesta sessão. Trata-se da quinta operação desse tipo neste mês, ferramenta que não era utilizada há três anos.
"O BC está sinalizando que quer conter a desvalorização do dólar, que vai agir quando o dólar cair demais", disse mais cedo o operador da corretora Correparti Ricardo Gomes da Silva, ressaltando que a fraqueza da moeda dos EUA tende a prejudicar exportadores brasileiros.
A autoridade monetária também não anunciou para esta sessão leilão de rolagem de swaps tradicionais, que equivalem a venda futura de dólares e que vão vencer em abril. Se não voltar a rolá-los, terá reposto de 67 por cento do lote total, correspondente a 10,092 bilhões de dólares, depois de promover sete rolagens integrais consecutivas.
Para Silva, a atuação do BC tende a limitar o ritmo da queda do dólar no curto prazo, mas o mercado deve continuar testando a disposição do BC de atuar, especialmente se o cenário político continuar favorecendo esse movimento.
Muitos operadores entendem que a saída do PMDB, acelerada na noite passada pelo pedido de demissão do ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, aumenta as chances do impeachment da presidente Dilma Rousseff. Essa perspectiva é vista com bons olhos por muitos investidores, mas alguns ressaltam que as turbulências políticas tendem a afetar a confiança.