Documentos da Odebrecht listam mais de 200 políticos e valores recebidos
SÃO PAULO (Reuters) - O juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal do Paraná, colocou sob sigilo nesta quarta-feira o processo em que foi anexada uma lista que apontaria pagamentos da Odebrecht a políticos e determinou que o Ministério Público Federal (MPF) se manifeste sobre a possibilidade de enviar esses documentos ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Em seu despacho, Moro afirmou que a lista, apreendida pela Polícia Federal na casa de Benedicto Barbosa da Silva Júnior, presidente da Odebrecht Infraestrutura, "aparentemente" aponta pagamentos feitos pela empreiteira a agentes políticos.
O documento havia sido anexado ao processo referente à 23ª fase da Lava Jato, na qual foram presos o marqueteiro João Santana e sua mulher Mônica Moura.
"Prematura conclusão quanto à natureza desses pagamentos. Não se trata de apreensão no Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht e o referido Grupo Odebrecht realizou, notoriamente, diversas doações eleitorais registradas nos últimos anos", escreveu Moro na decisão.
Como a lista cita autoridades com prerrogativa de foro junto ao Supremo, Moro pediu que o MPF se manifeste com urgência sobre o envio desses autos ao STF.
De acordo com veículos de imprensa que tiveram acesso à lista antes de ela se tornar sigilosa, o documento cita mais de 200 políticos de 18 partidos. Entre os citados, ainda de acordo com a mídia, estão o chefe do gabinete pessoal da presidente Dilma Rousseff, Jaques Wagner; o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG); e os presidentes da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
(Por Eduardo Simões)
Uol: Documentos da Odebrecht listam mais de 200 políticos e valores recebidos
Documentos apreendidos pela Polícia Federal listam possíveis repasses da Odebrecht para mais de 200 políticos de 18 partidos políticos. É o mais completo acervo do que pode ser a contabilidade paralela descoberta e revelada ontem (22.mar.2016) pela força-tarefa da Operação Lava Jato.
As planilhas estavam com Benedicto Barbosa Silva Júnior, presidente da Odebrecht Infraestrutura, e conhecido no mundo empresarial como “BJ''. Foram apreendidas na 23ª fase da operação Lava Jato, batizada de “Acarajé”, realizada no dia 22.fev.2016.
Como eram de uma operação de 1 mês atrás e só foram divulgados públicos ontem (22.mar) pelo juiz federal Sérgio Moro, os documentos acabaram não sendo mencionados no noticiário sobre a Lava Jato.
As planilhas são riquíssimas em detalhes –embora os nomes dos políticos e os valores relacionados não devam ser automaticamente ser considerados como prova de que houve dinheiro de caixa 2 da empreiteira para os citados. São indícios que serão esclarecidos no curso das investigações da Lava Jato.
Os documentos relacionam nomes da oposição e do governo: são mencionados, por exemplo, Aécio Neves (PSDB-MG), Romero Jucá (PMDB-RR), Humberto Costa (PT-PE) e Eduardo Campos (PSB), morto em 2014, entre vários outros.
A apuração é dos repórteres do UOL André Shalders e Mateus Netzel.
Leia a notícia na íntegra no blog de Fernando Rodrigues, no UOL.
Eis exemplos de planilhas apreendidas:
Uma das tabelas de Benedicto Barbosa Jr, o BJ, da Odebrecht
Na planilha, Renan é “atleta''; Eduardo Paes, “nervosinho''; Sérgio Cabral, “próximus''.
A gozação da Odebrecht
MARCELO RUBENS PAIVA, no ESTADÃO
Os intrigantes e criativos apelidos da Odebrecht demonstram um desprezo pela classe política que corrompe e financia (legalmente).
Uma ironia com o próprio Brasil.
As planilhas da empreiteira recolhidas pela PF com dados de mais de 200 políticos de 18 partidos políticos, em fevereiro de 2016, na 23ª fase da operação Lava Jato, batizada de “Acarajé”, são detalhadas.
Nem todos ganharam apelidos.
“Feira” já era conhecido (o baiano marqueteiro João Santana).
Mas os dos que ganharam, são mais intrigantes do que a própria planilha.
Quem os deu foi um homem. Prova?
Manuela D’ávila, a musa do PCdoB, recebeu um apelido nada sutil: “avião”.
A apuração é dos repórteres do UOL André Shalders e Mateus Netzel. Vamos a eles:
Do PMDB. Eduardo Cunha é “caranguejo”. Anda de lado? Sérgio Cabral, “proximus”. Eduardo Paes é o “nervosinho”. Por que será?
Renan Calheiros, “atleta”. Jarbas Vasconcelos Filho, “viagra”. Opa… Fabio Branco, “colorido”. Trocadilho infame.
Romero Jucá é “cacique”.
Edvaldo Brito, do PTB, “candomblé”.
Daniel Almeida, do PCdoB, ganhou um apelido óbvio: “comuna”. Melhor seria “maoísta”, para delinear a linha comunista adotada pelo PCdoB anos atrás.
Paulo Magalhães, do PSC, um intrigante: “goleiro”.
E Raul Jugman, do PPS, “bruto”.
Criativos…
Tem mais.
Jaques Wagner é o “passivo”, Sarney o “escritor”, Humberto Costa é “drácula”, Lindbergh Farias o “lindinho”. Esses são meio óbvios.
Explicarão tais apelidos nas delações premiadas?
Na lista da secretária Maria Lúcia tem mais: kafka, piqui, crente, M & M, taça, babaçu, jacaré…
Estão de gozação.