Manifestação pró-Dilma reúne 95 mil pessoas em SP, diz Datafolha

Publicado em 17/03/2016 17:25 e atualizado em 18/03/2016 21:26
na Folha de S. Paulo

A manifestação em São Paulo a favor da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nomeado na última quinta-feira (17) ministro-chefe da Casa Civil, atraiu, segundo o Datafolha, 95 mil pessoas à região da avenida Paulista na tarde desta sexta (18).

Protestos foram realizados em ao menos 45 cidades, incluindo todas as capitais do país, mas a capital paulista teve a maior aglomeração de pessoas –Lula foi à manifestação, onde permaneceu por cerca de uma hora e fez um discurso.

O PT, um dos organizadores da manifestação (ao lado da CUT e outros movimentos sociais), disse que mais de 500 mil pessoas estiveram nela. A Polícia Militar estimou o público em 80 mil pessoas às 18h45, no auge do movimento.

O pico de concentração de pessoas, segundo o Datafolha, se deu às 19h, quando 83 mil pessoas estiveram no local; 14 mil permaneceram do início ao fim. A contagem do instituto foi realizada das 16h às 20h30.

Esses protestos pró-Dilma ocorrem menos de uma semana depois da maior manifestação política já registrada no país pelo Datafolha; no domingo (13), 500 mil pessoas foram à mesma avenida Paulista pedir a saída da presidente Dilma.

O ato desta sexta também foi o maior já registrado pelo instituto em favor da presidente. Antes dele, a maior concentração em manifestação contra o impeachment de Dilma havia sido medida em 16 de dezembro do ano passado, quando 55 mil pessoas estiveram na região da Paulista.

METODOLOGIA

Para a contagem do público em aglomerações como a desta sexta e do último domingo, o Datafolha divide o trajeto da manifestação em quadrantes. Em cada trecho, a partir da densidade do público, os pesquisadores aplicam uma metodologia de contagem.

Paralelamente, em entrevistas feitas ao longo do protesto, os pesquisadores questionam desde que horas as pessoas estão em marcha.

A combinação das duas técnicas possibilita medir a taxa de renovação e o público durante todo o ato.

 

'Não vai ter golpe', discursa Lula em ato contra impeachment na Paulista

Em discurso diante de milhares de pessoas na avenida Paulista, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva adotou um tom conciliador com a oposição, gritou "não vai ter golpe" junto com os manifestantes e disse que é possível consertar a gestão Dilma até o final do mandato, em 2018.

Desta vez, ao contrário do que fizera em falas recentes e seguindo estilo de trégua de carta divulgado no dia anterior, o petista preferiu não fazer ataques à força-tarefa da Lava Jato e do Judiciário.

Nos últimos dias, Lula foi alvo de críticas depois que foram tornados públicos trechos em que afirma que o STF (Supremo Tribunal Federal) está "acovardado".

Lula falou por cerca de 20 minutos, em ato organizado por PT, sindicatos e movimentos sociais em defesa do mandato da presidente, que enfrenta processo de impeachment no Congresso.

Em alguns pontos do discurso, todo de improviso, o petista sinalizou uma trégua com os antipetistas do país.

"Não nos tratem como inimigos. Não veja ninguém de vermelho como inimigo. A nossa bandeirante verde e amarela está em nossa consciência, em nosso coração."

E completou: "Temos que convencê-los que democracia é o resultado do voto da maioria do povo brasileiro."

"A democracia é a convivência para a adversidade", disse Lula. "Eu quero que a gente possa conviver de forma civilizada com as nossas diversidades", completou o ex-presidente. "Não existe espaço para ódio neste país". "Tem gente que prega a violência contra nós 24 horas por dia."

Lula ainda depende de uma decisão judicial para assumir a chefia da Casa Civil da Presidência na semana que vem. Mas disse que chegará ao governo para ajudar a presidente ao estilo "paz e amor", menos radical, adotado na eleição vitoriosa de 2002 que o levou ao Planalto.

"Relutei muito para ir pro governo. Agora eu virei outra vez 'Lulinha, paz e amor', eu não vou lá [governo] pra brigar, eu vou ajudar a Dilma."

Segundo ele, até 2018, há tempo "suficiente para virar a história deste país". Num pedido de voto de confiança, disse que irá conversar de integrantes de movimento sociais a empresários do país.

Na fala, não fez nenhuma menção ao grampo no qual Dilma indica que a sua nomeação ao ministério é uma forma de protegê-lo de eventual pedido de prisão do juiz Sergio Moro, da Lava Jato.

A fala de Lula foi algumas vezes interrompidas por aplausos e gritos dos presentes, que, segundo o petista, estavam aí "porque sabem o valor da democracia". Numa dessas pausas, seguiu o coro de "não vai ter golpe", numa referência aos pedidos de impeachment da presidente.

Em relação aos adversários políticos, disse que eles ainda não aceitaram os resultados das eleições do ano passado, quando Aécio Neves (PSDB) foi derrotado por pequena margem para Dilma.

"Eles acreditaram que iriam ganhar as eleições. Quando a presidente Dilma ganha, eles, que se dizem estudados, não aceitaram. Eles estão atrapalhando a presidente Dilma a governar." E repetiu: "Eles vão para Miami fazer compras, e nós vamos para a 25 de março".

 

Fonte: Folha de S. Paulo

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