Janot diz que atuará para evitar contaminação política de pauta jurídica

Publicado em 17/03/2016 14:03

(Reuters) - O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse nesta quinta-feira que atuará para evitar que a pauta jurídica do país seja contaminada pela pauta política, em meio ao tensionamento do clima político no país envolvendo as investigações da operação Lava Jato.

Em entrevista a jornalistas em Berna, na Suíça, onde participa de um encontro com promotores suíços sobre a Lava Jato, Janot garantiu que "o Ministério Público não tem medo de nada" e reconheceu que o país vive um momento difícil.

"O Brasil atravessa um problema e a gente tem que ter calma para enfrentar esse problema. A pauta política não pode contaminar a pauta jurídica e vou atuar desta maneira, juridicamente, tecnicamente, sem nenhuma contaminação política de um lado ou de outro", disse Janot a jornalistas.

As declarações de Janot foram feitas um dia após a divulgação de uma conversa interceptada pela Polícia Federal entre a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em que a presidente diz a seu antecessor que está lhe enviando seu termo de posse na chefia da Casa Civil da Presidência para usá-lo "em caso de necessidade".

O diálogo gerou interpretações de que o documento foi entregue a Lula para evitar uma eventual ação da primeira instância da Justiça Federal contra ele, já que o ex-presidente, que é investigado pela Lava Jato, passaria a ter foro privilegiado junto ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Em nota, o governo repudiou essa interpretação, disse que o diálogo teve "teor republicano" e que o documento foi enviado a Lula para colher a assinatura do ex-presidente, pois havia dúvidas se ele poderia comparecer à cerimônia de posse na Casa Civil.

O episódio agravou ainda mais a já frágil situação política do governo Dilma, que enfrenta a ameaça de abertura de um processo de impeachment, de cassação da chapa encabeçada pelo PT pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e grandes manifestações populares contrárias ao governo, que voltaram a acontecer após a nomeação de Lula para o ministério e a divulgação do áudio de conversa.

(Por Eduardo Simões, em São Paulo)

Fonte: Reuters

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