Lula aceita assumir ministério no governo Dilma, diz fonte do Planalto

Publicado em 15/03/2016 12:50

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aceitou ocupar um ministério no governo Dilma Rousseff, informou à Reuters nesta terça-feira uma fonte do Palácio do Planalto, e deve ocupar a Secretaria de Governo, atualmente com Ricardo Berzoini, mas com mais poderes.

O ex-presidente estará na tarde desta terça-feira em Brasília para ter uma última conversa com Dilma para acertar o formato do trabalho que fará no governo.

Havia dúvidas sobre qual pasta o ex-presidente aceitaria, Casa Civil ou Secretaria de Governo, já que a Casa Civil teria, em tese, mais poder. Ao mesmo tempo, a Casa Civil inclui também uma grande parte administrativa que Lula não gostaria de ter que lidar para poder se concentrar no rearranjo político do governo.

EMERGÊNCIA

No final desta manhã, com a homologação e divulgação da delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), a presidente convocou seus ministros mais próximos –entre eles José Eduardo Cardozo, da Advocacia-Geral da União, Jaques Wagner, da Casa Civil, Ricardo Berzoini, da Secretaria de Governo, e o chefe de gabinete da Presidência, Giles Azevedo –para uma reunião de emergência, tentando avaliar o impacto das novas denúncias.

Dilma convocou o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, para dar explicações sobre as acusações de que teria oferecido dinheiro e ajuda a Delcídio, ex-líder do governo no Senado, para que ele não fizesse a delação.

De acordo com duas fontes palacianas, a presidente ficou assustada com o espectro da delação de Delcídio e sem condições de avaliar o impacto que as novas denúncias terão em seu governo. Na delação haveria uma gravação de Mercadante falando com um assessor próximo de Delcídio, Eduardo Marzagão, e oferecendo dinheiro para que o senador não fizesse a delação.

Na Veja: Bolsa despenca com expectativa de Lula no ministério de Dilma

O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores de São Paulo, caía 4,26%, a 46.786 pontos, às 12h40 desta terça-feira. O forte declínio ocorre com a expectativa do mercado de uma possível entrada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no governo da presidente Dilma Rousseff como ministro.

Lula ainda não comunicou oficialmente sua decisão, mas tanto o PT quanto o Palácio do Planalto dão como certo que o ex-presidente ocupará uma espécie de superministério, a ser criado sob medida para ele.

Entre as principais quedas estavam as ações da Gerdau (-15,92%), da Usiminas (-13,51%), da Copel (-10,68%) e do Banco do Brasil (−15,99%). O rumor da entrada de Lula no governo ganhou força no fim desta segunda-feira e já tinha sido o responsável pela queda da Bovespa e a alta do dólar no fim da sessão.

No Blog do Camarotti: Lula é aguardado hoje em Brasília para ouvir apelo final de Dilma

O ex-presidente Lula é aguardado em Brasília no final da tarde desta terça-feira (15), onde deve ter uma conversa com a presidente Dilma Rousseff para definir as condições para sua entrada no governo.

Segundo interlocutores do ex-presidente, Dilma já fez um forte apelo para que ele assuma um ministério, com o objetivo de reverter o processo de impeachment no Congresso Nacional. Como revelou ontem o Blog, os dois se falaram nesta segunda-feira (14) por telefone.

No governo Dilma, Lula teria como principal missão, neste primeiro momento, barrar o desembarque do PMDB da base aliada. Interlocutores do ex-presidente falaram ao Blog que antes de aceitar o convite para integrar o Ministério, ele deve ter uma rodada de conversas com caciques peemedebistas, inclusive com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

"Não adianta o Lula virar ministro sem ter o PMDB ao seu lado", ressaltou ao Blog um parlamentar próximo ao ex-presidente. "Sem o PMDB, Lula vai afundar junto com o governo Dilma", completou.

Além de assumir a coordenação política, Lula tem condicionado sua ida ao governo a uma mudança na condução da política econômica atual.

Leia a notícia na íntegra no Blog do Camarotti, no G1

Na Agência Brasil: Possível ida de Lula para ministério repercute nos corredores da Câmara

A possível ida do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para um ministério do governo da presidenta Dilma Rousseff foi um dos assuntos mais comentados hoje (15) entre os parlamentares na Câmara dos Deputados. A bancada federal do PT na Casa recebeu com entusiasmo a notícia e considerou que isso representaria a ida de um mestre na articulação política para o governo. Já os oposicionistas reclamaram e prometeram recorrer à Justiça para impedir uma possível nomeação de Lula para um ministério.

Lula tem apoio unânime da bancada federal do PT na Câmara para integrar o governo. “A possível ida do presidente Lula para o governo é algo que nós saudamos, mas é claro que isso precisa primeiro de a presidenta Dilma convidá-lo e de ele aceitar”, disse o deputado Wadih Damous (PT-RJ), que recorreu a uma metáfora futebolística para justificar o apoio. “Quem tem um Pelé, quem tem um Maradona, um Messi; quer um Pelé, um Maradona, um Messi no seu time. Então, o presidente Lula engrossando o time do governo é bom para o governo”, acrescentou.

As notícias a respeito da ida de Lula para o governo começaram a circular mais fortemente no início da noite desta segunda-feira (14). Há a possibilidade de o ex-presidente se reunir nesta terça-feira em Brasília com a presidenta Dilma para discutir a nomeação. As expectativas giram em torno de uma possível nomeação para a Casa Civil ou para a Secretaria de Governo, onde ficaria a cargo das relações políticas.

Para o deputado Wadih Damous, a reconhecida habilidade do ex-presidente de dialogar e formar consensos vai ajudar o governo a superar as inúmeras dificuldades com a base aliada, especialmente com o PMDB, que dá sinais de que pretende se afastar do governo. “Nós não podemos negar as evidência de que o governo está muito fragilizado e o presidente Lula é muito agregador, tem passado por todos os segmentos da política, tem prestígio internacional, foi o presidente mais bem avaliado da história do Brasil”, afirmou o petista.

Na avaliação da oposição, a nomeação seria uma forma de o governo tentar blindar o ex-presidente diante das investigações da Operação Lava Jato, uma vez que, tornando-se ministro, Lula teria direito a foro privilegiado, fazendo com que as investigações saiam do âmbito da Justiça Federal do Paraná e passem para o Supremo Tribunal Federal (STF). “Esse ato de nomeação é nulo, uma vez que a nomeação não tem outro objetivo que não blindar o Lula para o STF”, disse o líder do DEM, Pauderney Avelino (AM).

De acordo com Pauderney Avelino, os oposicionistas pretendem recorrer à Justiça para impedir uma eventual nomeação de Lula. Eles argumentam que o ato seria uma tentativa de “fraude à lei” e “desvio de finalidade”, pois, segundo, Avelino, a nomeação só teria como objetivo fazer com que Lula consiga o foro privilegiado. “Nós do Democratas e dos outros partidos de oposição vamos entrar com ações na Justiça Federal e no STF, assim como aconteceu com o caso do ministro da Justiça. A ação popular do DEM será em todo o Brasil”, disse o líder do DEM.

Pauderney Avelino afirmou que nomear Lula ministro seria um “tapa” na cara da população que foi às ruas no último domingo (13). Para o deputado oposicionista, os milhares de brasileiros que foram às ruas "Já disseram que não querem o governo do PT”.

Wadih Damous disse que o argumento da oposição demonstra um “desapreço pela ordem jurídica”, pois, com a eventual nomeação de Lula para um ministério, as investigações teriam seguimento, apenas mudaria o foro. “Há algum dispositivo legal que diz que se alguém vier para o governo parará de ser investigado, se colocará acima da lei e do ordenamento jurídico? Não. Apenas mudará o foro para o STF”, destacou.

Segundo Damous, a atitude da oposição colocaria em dúvida a lisura do STF. “Há alguma dúvida sobre a lisura do STF? Um tribunal que julgou o caso do mensalão e inclusive condenou vários líderes petistas não pode ser colocado em dúvida dessa forma”, afirmou.

Fonte: Reuters + Veja + G1

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