Lula atuou para blindar Bumlai na Lava Jato, diz Delcídio em delação premiada
Implicado na Operação Lava Jato por suspeitas de ter recebido benesses de empreiteiras enroladas no escândalo do petrolão, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva atuou secretamente para blindar o amigo José Carlos Bumlai no escândalo de corrupção instalado na Petrobras. A revelação foi feita pelo senador e delator Delcídio do Amaral (afastado do PT-MS). Ex-líder do governo Dilma no Senado, Delcídio detalhou ao Ministério Público o que chamou de "a entrada de Lula" no esquema.
Segundo o parlamentar, Lula "pediu expressamente" a ele que ajudasse Bumlai porque o amigo já havia sido citado em outros depoimentos de delação premiada, os do lobista Fernando Baiano e do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, como um dos personagens da engrenagem criminosa montada na estatal de petróleo. Depois do pedido de Lula, Delcídio informou que tinha mais proximidade com o filho do pecuarista, Maurício Bumlai, e a partir daí tiveram início as remessas de dinheiro para comprar o silêncio de Cerveró. Delcídio acabou preso no dia 25 de novembro do ano passado depois que vieram à tona informações de que ele estava pagando pelo silêncio de Nestor Cerveró e armando um mecanismo para que o ex-diretor não fechasse acordo de delação premiada e ainda conseguisse fugir do país. Na versão do senador, porém, partiu de Lula a orientação para os pagamentos à família do ex-dirigente da Petrobras.
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EXCLUSIVO NA VEJA: Governo tentou comprar o silêncio de Delcídio do Amaral
O senador Delcídio do Amaral cumpria uma jornada dupla quando era líder do governo. Em público, presidia a poderosa Comissão de Assuntos Econômicos do Senado e negociava a aprovação das medidas de ajuste fiscal consideradas prioritárias pela presidente Dilma. Nos bastidores, era peça-chave na estratégia destinada a impedir que a Operação Lava-Jato descobrisse a cadeia de comando do petrolão. Longe dos holofotes, Delcídio atuava como bombeiro. Conversava com empreiteiros, funcionários da Petrobras e políticos acusados de participar do esquema de corrupção, anotava suas demandas e informações de bastidor e, depois, relatava-as em detalhes a Dilma e a Lula. Sua missão era antever dificuldades e propor soluções. Foi ele quem alertou a presidente de que a Odebrecht tinha pagado no exterior ao marqueteiro João Santana por serviços prestados a campanhas presidenciais do PT. Foi ele quem falou para Lula que petistas estrelados estavam reclamando de abandono e falta de solidariedade. Aos dois chefes, Delcídio fazia o mesmo diagnóstico: "Enterramos nossos cadáveres em cova rasa. É um erro. Precisamos enterrá-los com dignidade".
Dignidade, no caso, significava ajudar companheiros e executivos presos ou sob investigação com dinheiro, assistência jurídica e lobby a favor deles nos tribunais superiores, para evitar que contassem às autoridades segredos da engrenagem criminosa que desviou, segundo a Polícia Federal, quase 50 bilhões de reais da Petrobras. Delcídio repetiu essa cantilena de forma exaustiva até ser preso e - como gosta de dizer - traído. Lula o chamou de imbecil por ter sido gravado ao tentar comprar o silêncio de Nestor Cerveró, um dos delatores do petrolão. O PT também o rifou em público. Com medo de expiar seus pecados em cova rasa, o bombeiro, agora no papel de incendiário, mostrou-se disposto a contar às autoridades tudo o que viu, ouviu e fez a mando de Lula e Dilma durante treze anos de intimidade com o poder. Não era um blefe. O acordo de delação premiada no qual Delcídio afirma que Lula e Dilma sabiam da existência do esquema de corrupção e atuaram a fim de mantê-lo em funcionamento foi homologado pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF). A colaboração, apelidada de "A delação", só foi formalizada porque o senador resistiu a uma proposta generosa de "enterro com dignidade" apresentada pelo petista Aloizio Mercadante.
Ex-chefe da Casa Civil do governo Dilma, atual titular da pasta da Educação e um dos ministros mais próximos da presidente, Mercadante prometeu dinheiro e ajuda para que Delcídio deixasse a prisão e escapasse do processo de cassação de mandato no Senado. Em contrapartida, pede que Delcídio não "desestabilize tudo" com sua delação. O ministro não tratou diretamente com o senador, que já estava sob a custódia da polícia, mas com um assessor da estrita confiança do senador, José Eduardo Marzagão. Os dois se reuniram duas vezes no gabinete de Mercadante no ministério. As conversas foram gravadas por Marzagão e entregues à Procuradoria-Geral da República por Delcídio, que, em depoimento formal, disse que o ministro agira a mando de Dilma. Com essa observação, acusou o ministro e a presidente de tentar comprar o silêncio de uma testemunha, obstruindo o trabalho da Justiça. Era o acerto de contas de Delcídio com os senhores que lhes viraram as costas. "Me senti pressionado pelo governo", disse ele aos procuradores.
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No G1: Delcídio vai devolver R$ 1,5 mi aos cofres públicos no acordo de delação
O senador Delcídio do Amaral, afastado do PT do Mato Grosso do Sul, se comprometeu em devolver R$ 1,5 milhão aos cofres públicos em razão de crimes assumidos por ele no acordo de delação premiada firmado dentro da Operação Lava Jato.
A informação consta na decisão do ministro Teori Zavascki, que homologou o acordo de delação premiada do senador.
A delação tem 21 termos que citam crimes praticados no âmbito do Palácio do Planalto, Senado, Câmara, Ministério de Minas e Energia e Petrobras.
"Tal acordo foi firmado com a finalidade de obtençăo de elementos de provas para o desvelamento dos agentes e partícipes responsáveis, estrutura hierárquica, divisăo de tarefas e crimes praticados pelas organizações criminosas no âmbito do Palácio do Planalto, do Senado Federal, da Câmara dos Deputados, do Ministério de Minas e Energia e da companhia Petróleo Brasileiro entre outras", diz a decisão do ministro do STF.
Na homologação do acordo, Teori Zavascki ressalta que delação não é meio de prova e que os fatos delatados ainda serão objeto de investigação.
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Ministro Teori Zavascki, do STF, homologa delação de Delcídio, diz Globonews
(Reuters) - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki homologou nesta terça-feira o acordo de delação premiada firmado pelo senador Delcídio do Amaral (PT-MS) no âmbito da operação Lava Jato, informou o canal de TV Globonews.
Procurado pela Reuters, o STF informou, por meio da assessoria de imprensa, que não pode confirmar a informação por enquanto, uma vez que a delação está sob segredo de Justiça.
Delcídio, que está com a filiação ao PT suspensa, foi preso em novembro acusado de tentar obstruir os trabalhos da operação Lava Jato, que investiga um esquema bilionário de corrupção na Petrobras. Ele foi solto no mês passado.
(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro)
Governo está preparado para defender Dilma na comissão do impeachment, diz ministro da AGU
Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O governo já está preparado para defender a presidente Dilma Rousseff na comissão do impeachment a ser instalada na Câmara dos Deputados, afirmou nesta terça-feira o ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), José Eduardo Cardozo.
O ministro reiterou, em entrevista a jornalistas, que o governo não cometeu crime de responsabilidade fiscal que justificasse um impedimento da presidente. "Não houve ilegalidade", acrescentou.
Cardozo disse ainda que a eventual volta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Palácio do Planalto como ministro de Dilma "não é blindagem".