Lula se reunirá com Dilma e crescem chances de se tornar ministro

Publicado em 15/03/2016 07:06

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - Aumentaram as chances do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltar ao Palácio do Planalto como ministro, mesmo sem haver ainda a decisão de qual cargo ocuparia, a Casa Civil, hoje nas mãos de Jaques Wagner, ou a Secretaria de Governo, com Ricardo Berzoini, informou à Reuters uma fonte palaciana.

Lula viaja na terça-feira a Brasília para conversar com a presidente Dilma Rousseff e fechar sua participação no governo, informou a fonte.

A decisão de Lula ainda não estaria tomada, segundo a fonte, mas o ex-presidente estaria praticamente convencido de que é necessário ao governo. Lula quer primeiro conversar com Dilma sobre suas reais chances de colaborar com o governo e qual espaço teria para atuar.

A pasta para a qual iria também não está certa, mas seria no chamado quarto andar do Palácio do Planalto, onde ficam as duas pastas. A Casa Civil, diz a fonte, seria mais adequada a Lula pelo peso que tem, dando a ele praticamente o status de um primeiro-ministro. No entanto, a parte administrativa da pasta, extremamente complexa, poderia tirar de Lula espaço para fazer o que sabe melhor, as relações políticas.

A Secretaria de Governo, centrada apenas nas relações com o Congresso, poderia permitir ao ex-presidente se concentrar nas relações políticas, mas é considerada uma pasta menor. A decisão, disse a fonte, está nas mãos do ex-presidente.

Dilma já teria dado a ele o poder de dizer para onde gostaria de ir, afirmou a fonte, que pediu anonimato.

Nesta segunda-feira, o presidente nacional do Sesi e ex-ministro da extinta Secretaria-Geral da Presidência Gilberto Carvalho, um dos petistas mais próximos a Lula, esteve no Palácio do Planalto e, segundo a fonte, foi convencido da necessidade do governo ter o ex-presidente, o que teria ajudado Lula a aceitar melhor a ideia.

Deputados petistas também estiveram no Instituto Lula para convencê-lo a aceitar o cargo.

Alvo de pedido de abertura de impeachment na Câmara dos deputados, Dilma enfrenta ainda uma ameaça de desembarque do PMDB, maior partido da base governista. Além disso, as manifestações realizadas em todo o país contra o governo no domingo se transformaram em importante combustível para o processo de impedimento.

Mais cedo, em entrevista a jornalistas, o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, afirmara que “todo mundo quer Lula” no governo, mas que estavam esperando a decisão do ex-presidente.

Lula queria esperar a decisão da juíza Maria Priscilla de Oliveira sobre o pedido de prisão preventiva feito pelo Ministério Público de São Paulo antes de dar uma resposta definitiva.

Nesta segunda-feira, a magistrada da Justiça de São Paulo decidiu encaminhar todo a ação para o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da operação Lava Jato.    

Na Folha: Para assumir ministério, Lula exige conversa com Dilma e garantia de que política econômica mudará 

O último lance Ao saber que Lula voltaria para o Palácio do Planalto, Dilma mostrou­-se “aliviada”. Já não se importa com a imagem de rainha da Inglaterra. Está disposta a “entregar tudo e mais um pouco” para que o petista socorra o governo, dizem assessores. Até porque, se tudo ruir, observa um ministro, ao menos o projeto não morre “só na mão dela”. Mas Lula impôs condições: só toma posse depois de uma conversa franca nesta terça e com garantias de que a política econômica mudará.

Leão da montanha Em um primeiro momento, o provável embarque de Lula provocará uma inflexão à esquerda. O petista só vê alguma saída para a crise se reconectar Dilma com a base social do PT, insatisfeita com a reforma da Previdência e com corte de gastos sociais.

Mexida Nelson Barbosa continuará à frente da Fazenda, ao menos por ora. Ricardo Berzoini, que deve perder a Secretaria de Governo para Lula, pode ficar como secretário­executivo da pasta.

Festa de Babette Fartos com o estilo Dilma de governar e ávidos por um “choque” capaz acordar a Esplanada, assessores e ministros celebravam o “novo governo”.

Vai com calma Apesar dos rojões, a tensão com a Lava Jato não se dissipou. Quem acompanha a investigação assegura que Dilma e alguns de seus auxiliares mais próximos terão dias de pesadelo pela frente. “Aí, nem Jesus…quer dizer, nem Lula salva”, pondera um ministro.

Mapa da guerra Semana passada, mesmo relutando a aceitar o convite de Dilma para integrar o governo, Lula trocou telefonemas com parlamentares para sondar a real situação do Congresso e verificar quais seriam seus focos mais emergenciais de atuação. 

Leia a notícia na íntegra no site Folha de S.Paulo.

Na Folha: Renan sinaliza a Lula que, com ele de ministro, ala do PMDB apoia governo

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB­AL), sinalizou a Lula que asseguraria o apoio de parte do PMDB ao governo caso o ex­presidente aceitasse virar ministro.

MURALHA

O apoio do PMDB no Senado é crucial para barrar um pedido de impeachment contra Dilma Rousseff.

JÁ ERA

Um senador do PT com trânsito no PMDB diz que Lula pode estar iludido. Segundo o parlamentar, Renan já pulou do barco do governo.

É FRIA

A maioria de assessores diretos de Lula e de amigos dele é contra o ex-presidente assumir um ministério. A pressão maior vem dos interlocutores do universo político. O petista recebeu apelos para aceitar o cargo. 

Leia a notícia na íntegra no site Folha de S.Paulo.

Fonte: Reuters + Folha de S.Paulo

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