Em VEJA: Consultoria eleva chance de saída de Dilma de 55% para 65%

Publicado em 11/03/2016 17:56
A consultoria de risco político Eurasia elevou pela segunda vez neste mês sua avaliação das chances de Dilma Rousseff não terminar o mandato. Agora, atribui uma possibilidade de saída de 65% – trocando em miúdos, um cenário bastante provável. A Eurasia passou a considerar factível..., por VERA MAGLHÃES (RADAR ON LINE, VEJA.COM.BR)

A consultoria de risco político Eurasia elevou pela segunda vez neste mês sua avaliação das chances de Dilma Rousseff não terminar o mandato. Agora, atribui uma possibilidade de saída de 65% – trocando em miúdos, um cenário bastante provável.

A Eurasia passou a considerar factível a queda de Dilma, com 55% de probabilidade, na sexta-feira passada, após procuradores autorizem mandatos de busca e apreensão na casa de Lula.

Na análise divulgada há pouco, a consultoria aponta que as manifestações deste domingo tendem a ser ainda maiores que as de março de 2015, o que incentivaria partidos e parlamentares a retirarem o apoio à presidente.

Os analistas destacam ainda que o pedido de prisão preventiva do ex-presidente, divulgado ontem, ainda que não seja aceito, aumenta a crise política.

E , caso aceite um ministério para ter foro privilegiado, Lula pode empurrar o PT ainda mais para a esquerda e romper as relações com o PMDB, hoje espécie de fiel da balança nas contas do impeachment.

 

Além de acarajés, “quibes”

 
A assistente administrativa da Odebrecht, Angela Palmeira, presa nesta sexta-feira, e a secretária Maria Lúcia Tavares, responsável pela distribuição dos “acarajés” e que negocia um acordo de delação eram próximas.
 
Em troca de e-mails, Angela Palmeira enviou a Maria Lúcia uma planilha codificada que sugere a entrada de valores — denominados como “Kibe”.
 
Além dos quitutes, coincidentemente, quando a 14ª fase da Operação Lava-Jato foi deflagrada e Marcelo Odebrecht foi preso, em 19 de junho de 2015, ambas estavam em Miami.
 
Angela Palmeira e Maria Lúcia foram, inclusive, no mesmo voo.
 
Entretanto, a amizade delas não parece ter sido duradoura: como revelou a Folha de S. Paulo, as prisões desta sexta-feira são desdobramentos da delação de Maria Lúcia Tavares.
 
 

Radar TVeja: tsunami de delações deve atingir todos os partidos

 
 

Ninguém está a salvo do tsunami de delações premiadas em curso ou à vista na Lava-Jato.

Com o cerco se fechando, como ficou evidente nesta semana com as condenações pesadas a empreiteiros e ex-diretores da Petrobras, ninguém quer ser o único a cumprir pena cheia.

Avançaram as negociações para que o núcleo da Odebrecht colebore com a força-tarefa, bem como o casal João Santana e Monica Moura.

 

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Nos depoimentos já em curso, os primeiros vazamentos das delações da Andrade Gutierrez e da OAS atingem a campanha de Dilma Rousseff em 2014, como antecipou o Radar da última edição de Veja, mas também uma miríade de políticos de todos os partidos.

A delação de Delcídio do Amaral, à espera da homologação de Teori Zavascki, também promete espalhar o mar de lama para outros políticos, inclusive da oposição.

Mais lenha na fogueira para os protestos de domingo. Resta saber se algum político terá coragem  de dar as caras na rua.

 
 
 

Carlos Alberto Sardenberg: Com Dilma, sem Dilma

Publicado no Globo

 

Dado o jeitão da economia e supondo que a política segue como está — com a Lava Jato avançando sobre o núcleo do governo e do PT, o Congresso paralisado, o Fora Dilma avançando nas ruas e no Congresso, mas sem desfechos fatais, tipo renúncia ou impeachment, o panorama fica assim:

— por falta dos investimentos, que desabaram, e por falta de renda para consumo, a recessão deste ano vai a mais de 4%, ou seja, uma queda mais forte em cima dos desastrosos 3,8% de 2015;

— o desemprego vai aumentar; medido pela PNAD contínua pode chegar a 13% (contra os 9% da última medida); uma catástrofe;

— a inflação já começou a desacelerar (no IPCA de ontem), basicamente por um mau motivo; pessoas e empresas, com menos renda e menos faturamento, estão comprando menos; e por motivos mais justos, como a queda esperada na tarifa de energia e a moderação em outros reajustes; tudo considerado, uma desaceleração que deixará a inflação abaixo do nível de 2015, mas ainda bem acima do teto da meta;

— as contas externas vão caminhar para o azul, com todo o serviço sendo feito pelo dólar a R$ 4; as pessoas viajam menos, compram menos lá fora, as empresas cortam importações, substituem o que for possível por produto nacional, mais barato em dólar. E os exportadores vendem mais. Também fica bom para o investidor estrangeiro trocar seus ricos dólares por reais desvalorizados e aqui comprar qualquer coisa, de títulos a fábricas.

Resultado: aumenta a entrada de dólares e reduz a saída, e isso vai eliminando o déficit nas contas externas. Isso tira da frente a possibilidade de uma crise cambial — que é quando um país quebra por falta de dólares para pagar os compromisso externos.

Esse é o cenário com Dilma na presidência e o governo funcionando do jeito que está: empurrando com a barriga, incapaz de tocar qualquer medida relevante, especialmente ali onde são mais necessárias, no ajuste das contas públicas. Estas caminham fortemente para o pior, com alta do déficit e da dívida pública. É o ponto central da crise econômica e política.

Como o governo Dilma pode piorar ou apenas não ajudar?

Podem piorar as contas públicas, processo que está em marcha. O governo está se preparando para fazer um novo déficit orçamentário, com aumento de gastos diretos, aliás exigência do PT, com os conhecidos truques para legalizar o ilegal.

Também está empurrando os bancos públicos para oferecerem mais crédito barato. Considerando a situação de queda de produção e consumo, é mais provável que os candidatos ao crédito sejam as pessoas e empresas mais atrapalhadas com suas finanças, ou seja, devedores mais ou menos duvidosos. Grande o risco de aumentar a inadimplência e piorar o balanço dos bancos públicos. Lembrem-se: Banco do Brasil e Caixa já quebraram antes.

Com sua paralisia, em cima de viés ideológico, o governo Dilma não ajuda ali onde só ele poderia fazer algo. Por exemplo: avançar nos acordos internacionais de comércio, inclusive e muito especialmente com os grupos em que se encontram Estados Unidos e União Europeia. Com esse dólar, se o país tivesse mais mercados abertos, a indústria exportadora poderia ser a locomotiva da recuperação. Não será, limitada a esse moribundo Mercosul.

O governo também perde tempo na exploração do pré-sal porque não consegue retirar o modelo de partilha com monopólio da Petrobras — o que fica agora mais difícil à medida que Dilma se atira no colo do PT e se abraça com o investigado Lula. O último leilão de poços foi em 2003; o governo diz que pode, quem sabe, fazer outro em 2017.

Nem vamos falar dos diabos de que o PT nem quer ouvir falar: da reforma da Previdência, muito menos da legislação trabalhista e da indexação do salário-mínimo. O modelo atual impõe ganhos reais de salários e de aposentadorias, num momento de depressão econômica. O resultado é mais desemprego.

Sim, porque com custos em alta, por causa da inflação ainda elevada, e vendas em queda, por causa da recessão, as empresas precisam cortar custos, especialmente da folha salarial. Nos países normais, o sistema permite que se faça o ajuste preservando os empregos e perdendo nos salários e outros benefícios trabalhistas. Aqui, a pretexto de defender o trabalhador, se faz exatamente o contrário, o ajuste via desemprego. Entre os que mantêm seu emprego, até podem aumentos nominais, mas que a inflação acaba comendo. Ficamos assim com perda de emprego e de renda.

Nessas circunstâncias, não há como recuperar a confiança de consumidores e de empresários, o que impede a retomada de consumo e investimentos.

Também sabemos que as medidas que poderiam ajudar dependem, e muito, do Congresso, ali onde há 99 parlamentares investigados, incluindo os presidentes da Câmara e do Senado.

Daí muitos economistas estarem dizendo que, desse jeito, a melhor coisa que pode acontecer é parar de cair e ficar estacionado no fundo do poço, esperando o quê?

Uma mudança política. A consultoria MB Associados fez a conta: com Dilma, a recessão vai a 4,9% neste ano, sem recuperação em 2017. Sem Dilma e com um governo comprometido com os ajustes, a recessão deste ano cai para 3%, com perspectiva de recuperação em 2017.

Dilma, que já está fora do governo, diz que não renuncia. E volta a se atrapalhar com a lógica (REINALDO AZEVEDO)

No dia em que Deus distribuiu a habilidade política, Dilma Rousseff não entrou na fila. Estava muito ocupada estudando o ciclo de reprodução da mosquita e a civilização derivada da cultura da mandioca.

Quem foi a primeira pessoa no governo que falou a palavra “impeachment” em público? Dilma! Quem concedeu uma entrevista coletiva nesta sexta para assegurar que não renuncia? Ora, Dilma!

Vale dizer: a presidente está pensando em renunciar.

Ela afirmou uma coisa óbvia e outra errada — como sempre, tenta a síntese de paradigmas que não se cruzam.

A coisa óbvia: “A renúncia é um ato voluntário”. Concordo. Ninguém pode fazê-lo em lugar de outro. Só uma antiga Constituição da Bolívia proibia o governante de cair fora voluntariamente…

Agora a coisa errada: “Aqueles que querem a renúncia estão reconhecendo que não há uma base real para pedir o impeachment”. Trata-se de uma bobagem brutal. É como dizer que Nixon renunciou em 1973 porque não corria o risco de cair…

Eu fui o primeiro na imprensa a sugerir a renúncia apenas porque isso abreviaria o sofrimento do povo brasileiro. Como de hábito, o raciocínio da presidente não faz o menor sentido.

Mais uma vez, ela evocou a memória da militante de um grupo terrorista para justificar o presente. Indagada sobre uma suposta resignação diante do inevitável, afirmou: “Vocês acham que eu tenho cara de estar resignada? Que eu tenho gênio de estar resignada? Fui presa e torturada por minhas convicções. Não estou resignada diante de nada, não tenho essa atitude diante da vida e acredito que é por isso que represento o povo brasileiro”.

Vamos pôr os pingos nos is. Foi feita presidente pela segunda vez pela maioria relativa dos eleitores, mas já não representa o povo brasileiro, que a quer fora do poder.

Mais: deveria ter dito que foi torturada — o que é uma barbaridade em si — por suas convicções à época. Ou acaba sugerindo que as mantém ainda hoje, o que seria lamentável, não é mesmo?

De resto, naqueles tempos, havia uma ditadura no Brasil da qual Dilma discordava. Ela queria outra ditadura. Se renunciasse hoje, ela o faria numa democracia. E só seria levada a tanto porque seu partido tentou conspurcar o regime democrático com convicções cleptoditatoriais.

Num dado momento, confrontada de novo com a questão da renúncia, disse achar a pergunta “ofensiva”. Dilma chegou a esses fabulosos resultados no governo ofendendo-se fácil com perguntas… Afinal, ela é a mulher das respostas, certo?

Finalmente, foi ambígua sobre Lula ser ou não ministro. Tergiversou. Ou por outra: se ele quiser, ele será. E assumirá o ministério que lhe der na telha.

Síntese: Lula já deu o golpe. Ele está no comando, e ela é um títere de um sujeito acossado por seu passado, do qual ela própria é mera derivação.

A gente só sugere renúncia porque o governo já acabou. Mas que não renuncie, então. Que seja impichada se lhe parece mais digno.

 

Indultado por Dilma e perdoado pelo STF, Delúbio é a prova ambulante de que

valeu a pena ser bandido no Brasil pré-Lava Jato

Em 10 de setembro de 2012, num post com o título LULA SABE DESDE 1995 QUE DELÚBIO SOARES É UM ESPECIALISTA EM DESVIO DE DINHEIRO, a coluna descreveu resumidamente a ascensão e queda do tesoureiro do PT e do Mensalão. Confiram a trajetória do meliante que acaba de ser indultado por Dilma Rousseff e perdoado pelo Supremo Tribunal Federal. (AN)

César Benjamin filiou-se a um grupo clandestino de extrema-esquerda aos 15 anos, atravessou os dois seguintes metido na luta armada, foi preso aos 17, torturado durante meses e expulso do país aos 22. Voltou do exílio aos 24, ajudou a fundar o PT aos 26 e foi um dos coordenadores das duas primeiras campanhas presidenciais de Lula. Rompeu com o partido em 1995, mudou-se mais tarde para o PSOL e foi candidato a vice-presidente na chapa de Heloísa Helena.

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Fernando Gabeira: De paz e amor a jararaca

Publicado no Estadão

A crise brasileira é tão asfixiante que às vezes preciso de uma pausa, ouvir música, ler algumas páginas de romance. Em síntese, recuperar o fôlego. As crises assumem ritmos mais rápidos no seu final. A reação de Lula na entrevista coletiva, ao sair da PF, não me pareceu a de um candidato.

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Confira a hora e o local das manifestações de 13 de março no Brasil e no exterior

Avenida Paulista, 15 de março de 2015

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Fonte: veja.com.br

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